terça-feira, 31 de março de 2015

Preço de remédios deve subir até 5,9%

 
Os medicamentos de referência, genéricos e similares com preço controlado devem sofrer reajuste médio entre 5,4% e 5,9%. O governo federal deve divulgar o aumento ainda hoje. A estimativa foi feita pelo Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), com base nos fatores da fórmula de reajuste publicados na quinta-feira, 26, pela Secretaria-Executiva da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) no Diário Oficial da União.
Ricardo Vieira, da direção do Conselho Regional de Farmácia (CRF) - Seção Pará, explica que o reajuste é dado quando o governo comunica o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e leva em consideração a demanda do mercado, que pode ser de alta ou baixa. 
“Para ter a variação do mercado, o governo federal realiza consulta pública e a expectativa do governo é que o reajuste fique abaixo da inflação. Cerca de 22% dos medicamentos terão o maior índice de reajuste e 52% terão os mais baixos. Os mais caros são para os medicamentos que têm alto custo, pois poucas empresas e laboratórios os produzem, como para tratamento de câncer e doenças raras. Os mais baratos estão relacionados ao grande uso, como dor na cabeça, hipertensão, diabetes e outros. Quando tem mais laboratórios e empresas no mercado a concorrência é menor. Os genéricos devem ter mais baixo reajuste”, afirma Vieira. 
O servidor público Roberto Flávio Silva, de 49 anos, diz que já está atento aos preços e prepara o bolso para os aumentos no valor dos remédios. “A cada dois meses compro remédios para pressão e circulação e gasto pelo menos R$ 90. Se aumento compatível fosse repassado para o nosso salário, eu não seria contra o reajuste, mas não é o que acontece. Vai pesar muito na balança. A gente vê que a cada dia não compensa o que a gente recebe com o que gasta, mas a gente precisa comprar remédios”. 
Para ele, a situação fica pior para seu pai, que tem 87 anos, é hipertenso e toma remédio de uso contínuo. “Todo mês ele gasta R$ 120. Uma solução é selecionar as farmácias que oferecem preço mais em conta, porque no Programa Farmácia Popular do Brasil, chamado ‘Aqui Tem Farmácia Popular’, do governo federal, não tem todas as medicações, como a de pressão”, diz o servidor público. 
O aposentado Manoel Viana, de 76 anos, recebe dois tipos de medicamentos para pressão todos os meses, por meio do programa do governo federal, mas conta que ainda gasta com remédios para diabetes. “Chego a gastar R$ 100 com tratamento da doença. Acho o reajuste um absurdo porque o salário não sobe, então, por que o preço do medicamento aumenta mesmo que seja abaixo da inflação?”, questiona o idoso. 
Segundo o gerente de uma rede de farmácia, Elias Júnior, o reajuste é liberado para todas as classes de medicamentos, tem um teto estipulado e a farmácia decide sobre o desconto. 
“Todos os medicamentos são tabelados tendo limite de preço, no entanto, pode variar dependendo da farmácia. Existem várias redes de farmácia e o cliente sai ganhando se fizer pesquisa, porque há redes que fazem promoções, mas não podem ultrapassar o teto estipulado. Quando há reajuste quem mais sente no bolso é quem usa medicamento contínuo, e nem tanto para quem usa esporadicamente. A data de aplicação do reajuste depende das estratégias e planejamentos de cada rede de farmácia. Devido a nossa rede ser nacional, a negociação de preços é feita pela matriz, em Fortaleza (CE), e ainda não sabemos se já será logo aplicado o reajuste após a liberação pelo governo”, afirma o gerente Elias Júnior.

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