segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

"Lula será candidato e não cogito ser plano B"



Por Osvaldo Lyra
Colaboraram: Romulo Faro e Guilherme Reis
O secretário de Desenvolvimento Econômico e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), reafirma que trabalha por sua candidatura ao Senado, mas pondera que pode abrir mão de uma vaga na chapa do governador Rui Costa se ficar difícil equacionar o número de vagas com o número de candidatos dos partidos aliados. Para Wagner, apenas duas candidaturas estão garantidas na chapa: a do próprio governador e a do vice, João Leão (PP). Além disso, ele diz que Lula será o candidato do PT à Presidência e que ele próprio não será o plano B do ex-presidente. 
Tribuna da Bahia – A eleição ainda está distante, mas o processo já foi iniciado na Bahia e no Brasil. Como o senhor vê a condenação do ex-presidente Lula? O senhor acredita que ele vai ter fôlego para disputar a próxima eleição?
Jaques Wagner – Essa tentativa de condenação eu vejo com preocupação, porque se ela vier a acontecer (eu espero que não aconteça), ela vai ser uma mutilação do processo eleitoral. É assim que o povo brasileiro vai ler. Está mais do que provado no senso comum que não tem nada contra ele para provar objetivamente. Tem só ilação e especulação. Os outros que estão presos têm milhões e milhões (de reais) em malas ou em contas no exterior, ou em joias, ou em iates ou carros e eu desconheço qualquer uma dessas coisas com o presidente Lula, ou com a ex-primeira-dama Marisa ou com os filhos deles. Eu já tenho dito que é um erro os conservadores brasileiros quererem fazer uma eleição interditando a candidatura de Lula. A eleição terá cheiro de tapetão. Eu acho que ele tem punch, as pesquisas estão mostrando. Na avaliação do povo em geral, frente a essa obsessão de condenação dele, acaba sendo se aproximar dele, reconhecendo tudo que ele produziu no País. Há um reconhecimento mundial. As pessoas que se manifestam, juristas, cientistas políticos, antropólogos, estudiosos do Direito, nos Estados Unidos e na Europa, no mundo inteiro, todos se posicionam contrários a essa condenação e abismados com essa obsessão. Eu não tenho duvida de que ele tem muito punch para chegar. Eu não trabalho com outra hipótese dentro do PT.
Tribuna – Uma vez Lula não sendo candidato, Wagner apontado como principal nome dentro do PT para esse posto. Aceitaria esse desafio?
Wagner – Eu até agradeço o reconhecimento pelo trabalho que a gente fez na Bahia. Mas eu acho um erro, e, portanto, não participo dele, de qualquer hipótese sobre eventual interdição de Lula. Se eu estou tralhando pela não interdição, eu não ficar alimentando hipótese no caso da interdição. É você entrar em guerra já pretendendo o segundo lugar. Eu estou entrando na guerra já pretendendo ser o primeiro lugar, ele candidato. Eu realmente não trabalho com essa hipótese [de ser plano B]. Eu sou candidato a senador. É essa a vontade do grupo político a que a gente pertence. Há um reconhecimento também de que é natural, como o pessoal fala, a minha candidatura. Então, estou me preparando para ser candidato ao Senado e para apoiar a candidatura do presidente Lula. Eu realmente não trabalho com essa hipótese. Eu acho natural que o PDT, o PSD, o PCdoB tenham suas candidaturas, porque não são do PT. Podem vir a se aliar, como podemos aliar no segundo turno. Eu não sou contra que cada um tente mostrar sua cara, seu jeito, no primeiro turno da eleição. Mas, na minha opinião, não tem porque ficar discutindo isso, porque seria jogar água no moinho dos que querem interditar a candidatura de Lula. Nos já vimos várias vezes governadores, prefeitos com problemas semelhantes conseguirem ser candidatos com liminares, com recursos. Eu acho que a briga jurídica ainda... Aliás nem temos ainda a condenação em segundo grau. Só a condenação em segundo grau é que poderia colocá-lo numa condição mais fragilizada. Do ponto de vista do sentimento popular, nem a condenação não convenceu o povo de que ele é um errado, que ele fez coisa errada. No fundo é o seguinte: Lula é o símbolo da prosperidade. O símbolo de um momento onde o Brasil foi bem do peão ao barão. O PSDB tem dificuldades hoje. Acabou de uma certa forma, em função da derrota de Aécio, puxando a fila desse processo de criminalização do PT. Acabou criminalizando a política como um todo, e eles inclusive. Segundo as pesquisas, o partido mais corrupto do Brasil é o PSDB. O feitiço virou contra o feiticeiro. Não aguentaram a derrota. Aécio particularmente não aguentou a derrota para Dilma. Ele achava que tinha ganhado. Teve muita gente que pegou jatinho e foi para lá comemorar, e voltou no jatinho sem comemorar na apuração do segundo turno. Eles acabaram produzindo o extremismo de um Bolsonaro. No fundo, Bolsonaro é consequência dessa intolerância que foi plantada. Eu não quero ficar culpando, dizendo que foi o PSDB, mas na verdade, depois da derrota, eles ficaram o tempo todo buscando uma forma de acabar com Dilma. Nesse momento não tem pela indefinição do PSDB. Mas eu acho que vai pontuar. Eu não acredito que aconteça um segundo turno entre Lula e Bolsonaro. Eu acho que Bolsonaro tem um nicho. Ele tem um teto. A maioria do povo brasileiro não quer isso. As pessoas querem a convivência. Eu não trabalho com essa hipótese. Trabalho com a hipótese de ser senador.

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