sábado, 3 de novembro de 2018

Delegados do Rio criticam investigação paralela da PF no caso Marielle Fonte: Último Segundo - iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2018-11-02/delegados-do-rio-criticam-caso-marielle-franco.html

Vereadora Marielle Franco (PSOL) fazia duras críticas à atuação das Polícias no Rio de Janeiro e foi assassinada em março deste ano. Caso permanece sem solução
Entidades representativas dos delegados da Polícia Civil do Rio de Janeiro reagiram ao anúncio do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, de que a Polícia Federal (PF) vai apurar interferências e possíveis obstruções na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do seu motorista Anderson Gomes. A  "investigação da investigação" do caso Marielle foi anunciada ontem (1º) por Jungmann.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (2), o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil (Sindelpol-RJ) e a Associação dos Delegados de Polícia (Adepol-RJ) lamentam as declarações de Jungmann e afirmam que o ministro tentou “capitalizar dividendos políticos em cima da investigação dos homicídios”. Marielle e Anderson foram assassinados em março deste ano e quase nove meses depois o caso Marielle ainda não teve um desfecho. 
Segundo Jungmann, o Ministério Público Federal obteve dois depoimentos com denúncias de testemunhas que disseram que uma organização criminosa estaria atuando para desviar as investigações e dificultar a identificação dos autores e dos mandantes do assassinato da vereadora e de seu motorista. Por isso, o ministro da Segurança Pública aceitou o pedido da Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, de abrir um inquérito para que a Polícia Federal pudesse investigar possíveis obstruções de justiça.
Apesar de não revelar a identidade das testemunhas, o ministro deu detalhes sobre o que chamou de "investigação da investigação". Segundo ele, a suposta organização criminosa que estaria desviando e praticando obstrução na investigação do homicídio inclui "a participação de agentes públicos, milicianos e a contravenção", e, portanto, a entrada da PF no caso se torna necessária "por envolver indícios de coação no curso do processo, fraude processual, favorecimento pessoal, patrocínio infiel, exploração de prestígio, falsidade ideológica, fraudes e um eventual crime de corrupção."
Para os delegados do Rio de Janeiro, no entanto, Jungmann está “dando maior credibilidade à palavra do referido criminoso em detrimento de agentes do Poder Público de notória história de combate à criminalidade”. Pela nota das duas entidades, a denúncia que chegou ao Ministério Público Federal foi feita “por um miliciano homicida desacompanhada de qualquer outro elemento de prova que pudesse ratificar suas declarações”.
O Sindelpol e a Adepol afirmam também que a decisão de Jungmann “tenta induzir um descrédito da sociedade na polícia investigativa”. Isso, segundo as duas entidades representativas dos delegados do Rio , “interessa aos marginais e representa uma total inversão de valores, dissociada do anseio da população”.

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