![Vereadora Marielle Franco (PSOL) fazia duras crÃticas à atuação das PolÃcias no Rio de Janeiro e foi assassinada em março deste ano. Caso permanece sem solução](https://statig3.akamaized.net/bancodeimagens/0p/wt/6o/0pwt6ouvppuomk8rteaowxlwm.jpg)
Entidades representativas dos delegados da Polícia Civil do Rio de Janeiro reagiram ao anúncio do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, de que a Polícia Federal (PF) vai apurar interferências e possíveis obstruções na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do seu motorista Anderson Gomes. A "investigação da investigação" do caso Marielle foi anunciada ontem (1º) por Jungmann.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (2), o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil (Sindelpol-RJ) e a Associação dos Delegados de Polícia (Adepol-RJ) lamentam as declarações de Jungmann e afirmam que o ministro tentou “capitalizar dividendos políticos em cima da investigação dos homicídios”. Marielle e Anderson foram assassinados em março deste ano e quase nove meses depois o caso Marielle ainda não teve um desfecho.
Segundo Jungmann, o Ministério Público Federal obteve dois depoimentos com denúncias de testemunhas que disseram que uma organização criminosa estaria atuando para desviar as investigações e dificultar a identificação dos autores e dos mandantes do assassinato da vereadora e de seu motorista. Por isso, o ministro da Segurança Pública aceitou o pedido da Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, de abrir um inquérito para que a Polícia Federal pudesse investigar possíveis obstruções de justiça.
Apesar de não revelar a identidade das testemunhas, o ministro deu detalhes sobre o que chamou de "investigação da investigação". Segundo ele, a suposta organização criminosa que estaria desviando e praticando obstrução na investigação do homicídio inclui "a participação de agentes públicos, milicianos e a contravenção", e, portanto, a entrada da PF no caso se torna necessária "por envolver indícios de coação no curso do processo, fraude processual, favorecimento pessoal, patrocínio infiel, exploração de prestígio, falsidade ideológica, fraudes e um eventual crime de corrupção."
Para os delegados do Rio de Janeiro, no entanto, Jungmann está “dando maior credibilidade à palavra do referido criminoso em detrimento de agentes do Poder Público de notória história de combate à criminalidade”. Pela nota das duas entidades, a denúncia que chegou ao Ministério Público Federal foi feita “por um miliciano homicida desacompanhada de qualquer outro elemento de prova que pudesse ratificar suas declarações”.
O Sindelpol e a Adepol afirmam também que a decisão de Jungmann “tenta induzir um descrédito da sociedade na polícia investigativa”. Isso, segundo as duas entidades representativas dos delegados do Rio , “interessa aos marginais e representa uma total inversão de valores, dissociada do anseio da população”.
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