João Oliveira, Wenceslau Guimarães-BA
(Foto: Bandeira LGBT em frente ao Congresso Nacional)
O seminário “Diálogos para enfrentar as desinformações, notícias falsas e discurso de ódio nas eleições municipais”, evento com transmissão ao vivo e que faz parte do programa "Voto Com Orgulho", da Aliança Nacional LGBTI+, foi invadido por hackers com imagens e mensagens nazistas, discriminatórias e pornográficas.
O ataque aconteceu nesta quinta-feira (15) após a abertura da segunda mesa de debates. Os hackers divulgaram imagens de uma suástica e saudação nazista, além de um vídeo em que a bandeira LGBTI+ era queimada. O grupo também divulgou imagens pornográficas e uma mensagem creditada a Adolf Hitler.
De acordo com a Aliança LGBTI+, uma comissão de advogadas e advogados foi constituída para oferecer suporte à entidade.
A Aliança Nacional LGBTI+ fará nesta sexta (16) registro de ocorrência na Polícia Federal e enviará um comunicado ao Ministério Público Federal Eleitoral. A entidade afirma ainda que os participantes do debate farão registro de ocorrência nas Delegacias de Crime da Internet da Polícia Civil nos Estados.
Para Toni Reis, presidente da Aliança Nacional LGBTI+, divulgar símbolos nazistas é crime. "Com a decisão do Supremo Tribunal Federal, que considerou a LGBTIFOBIA como crime de racismo, não podemos aceitar esse ataque racista e discriminatório. A liberdade de expressão precisa ser garantida e o sistema de segurança e justiça precisam atuar no caso. O ataque que sofremos é uma grave violação da agenda democrática no Brasil”.
Cláudio Nascimento, diretor de Políticas Públicas da entidade e coordenador do seminário, afirmou estar chocado com o ataque. "Estão fazendo isso nas lives de feministas, dos povos pretos e contra nós LGBTI+. Os órgãos da polícia e de Justiça precisam agir para coibir crimes de ódio e ataques às liberdades democráticas e aos direitos humanos. O movimento LGBTI no Brasil há mais de quatro décadas vem sofrendo diversos ataques, mas esta perseguição não vai nos esmorecer, pelo contrário, seguiremos na luta pela cidadania LGBTI+ e contra o nazismo”, disse.
Após o ataque, o encontro será realizado no dia 22 de outubro, às 18h. A Aliança afirma que terá "mais rigor" na segurança digital e que o evento será exibido pela sua conta no Facebook.
Candidaturas LGBTI+
Pela primeira vez, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) permite que candidatas e candidatos transexuais utilizem o nome social em sua candidatura. As inscrições foram encerradas no dia 26 de setembro, registrando um total de 165 candidaturas com nomes sociais, todos concorrem a cargos de vereadores em seus respectivos municípios. As campanhas de pessoas trans estão nos mais diversos partidos, de diferentes espectros políticos - desde os mais à direita, como o PSL, Republicanos e Patriotas, até os mais a esquerda como PT, PCdoB e Psol.
A maior parte das candidaturas são de mulheres transexuais e travestis. Dos candidatos cadastrados com nome social no TSE, 135 se identificam com o gênero feminino e 30 com o gênero masculino. Todas as candidaturas ainda estão sendo avaliadas pelo TSE.
A Aliança Nacional LGBTI+ conta com uma central, que no período eleitoral está voltada a receber denúncias de desinformações, notícias falsas e discursos de ódio contra candidaturas LGBTI+ e pessoas aliadas e contra a agenda dos direitos da população LGBTI+.