Um bebê que nasce em Marsilac, no extremo sul da cidade, tem 23 vezes mais chances de não chegar aos 12 meses do que outro de Perdizes, na zona oeste
Ingrid, de seis anos, corre pelo barro para pegar sua boneca favorita dentro de casa. São 15h de uma quarta-feira, mas, para ela, o ano escolar não começou. Enquanto seu irmão, Moisés, de quatro anos vai à creche, Ingrid fica em casa porque não conseguiu uma vaga na escola de Engenheiro Marsilac (distrito no extremo sul de São Paulo) que fica na rua de trás da sua. “Ela já perdeu uma semana de aula, porque aqui não tem vaga. Mandaram ela para a [Escola Municipal] José Duarte, que fica em Guaianases, e eu não tenho condição de levá-la até lá. São dois ônibus e mais de duas horas para chegar”, lamenta a mãe, Cristiane Ramos, de 34 anos.