das declarações do secretário-geral da Conmebol, o argentino Luiz
Meiszner, que classificam apenas como “provocação” as agressões racistas
sofridas pelo jogador brasileiro Tinga, o deputado federal Valmir
Assunção (PT) prometeu levar o caso ao Ministério dos Esportes. “Isso
demostra o grau de preconceito ainda dentro do futebol e a Conmebol é
conivente com esse racismo velado no esporte por não tomar providências e
ainda querer esfriar o debate com uma citação ridícula. Não há como
medir o que é pior, o ato de racismo em si ou essa defesa disfarçada”,
disse o parlamentar. Durante o jogo do Cruzeiro contra o peruano Real
Garcilaso, pela Taça Libertadores da América, os torcedores do time
adversário imitavam macacos a cada vez que o jogador brasileiro tocava a
bola. Meiszner afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que
“um moreno peruano imitando macaco para um brasileiro um pouco mais
escuro que ele não é uma discriminação racial. É sim uma provocação
mal-educada”.
O cartola argentino ainda reforçou sua opinião ao dizer que
"nós, os sul-americanos, não somos racistas. Somos sim o povo mais
mal-educado do mundo. Nos falta até mesmo cultural para, filosoficamente
falando, provocarmos discriminação racial". Para Assunção, a tentativa
de “abafar” o caso só ressalta o preconceito. “Esse cidadão disse que
aqui só tem mal educado e essa não é a primeira declaração desrespeitosa
que evidencia o preconceito contra os sul-americanos”, apontou. Apesar
de ter aberto uma investigação contra o Real Garcilaso, a Conmebol não
estabeleceu ainda nenhuma sanção. O presidente do Tribunal de Disciplina
da Conmebol, o brasileiro Caio César Rocha, afirmou em entrevista à
rádio Itatiaia, que uma decisão deve ser divulgada na segunda-feira
(24), mas “que será uma pena didática, não muito radical”. O
vice-presidente da CBF, no entanto, informou que o time ainda não foi
punido porque as agressões não foram registradas no relatório do juiz.
“É um absurdo essa situação, vou levar essas informações ao Ministério
dos Esportes e não deixarei que esse assunto morra, como vem morrendo
negros e negras por violência nesse país. Se o secretário-geral deu
essas declarações que a Folha diz é porque ele é branco, e branco não
sofre racismo”, disse o petista.
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