Fotos: Reprodução / Blog do Anderson
Entidades
do setor agrícola, industrial e pecuário estão preocupadas com os
impactos que paralisação dos caminhoneiros pode trazer para a Bahia. A
reivindicação dos transportadores autônomos é pauta nacional e, por
conta disso, estradas de estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais estão
bloqueadas há cerca de uma semana. Na Bahia, alguns pontos foram
bloqueados desde a última terça-feira (24):
a BR-116 (Rio-Bahia), BR-242 (ligação Leste-Oeste) e a Via Expressa
(ligação ao porto de Salvador). O dirigente do Sindicato dos Produtores
Rurais de Luís Eduardo Magalhães, Moacir Hoppe, afirmou que a
paralisação não deve ter data para terminar. O produtor de grãos
representa o sindicato perante os transportadores e está mobilizado
junto aos caminhoneiros. “Estamos conversando bastante com os
transportadores para que não implique prejuízo nas safras e que chegue
combustíveis nas fazendas. Estamos procurando não prejudicar tanto a
atividade agrícola, quanto a dos transportadores e a sociedade em geral,
para não causar desabastecimento”, acrescentou Hoppe.
De acordo com o agricultor, esse processo de desabastecimento
do estado já está sendo iniciado, porque não estão chegando cargas do
Sul do País na Bahia. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia
(SDE), por meio de sua assessoria de comunicação, disse não ter
informações sobre o risco de desabastecimento do estado. Em comunicado, a
Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA) se disse
apreensiva com os efeitos do movimento de paralisação dos caminhoneiros.
“Independentemente de reconhecermos o direito de protesto e de
manifestação, temos o dever de alertar para o fato de que a duração e o
alcance desse movimento já estão provocando graves perturbações nas
cadeias produtivas do agronegócio”, afirma o texto. Procurada para
descrever tais perturbações, a CNA não se pronunciou até o fechamento
desta reportagem. De acordo com as perspectivas da entidade, “na
ausência de uma rápida solução para o conflito, teremos danos
irreparáveis à economia da produção, com reflexos severos na vida de
toda a população brasileira”. A Federação das Indústrias do Estado da
Bahia (Fieb) avalia o bloqueio à entrada do porto de Salvador como o
mais impactante, por impedir a operação de carga e descarga de produtos
no terminal portuário. “A magnitude dos impactos está relacionada com o
tempo de obstrução das rodovias. Caso os bloqueios persistam, a
indústria enfrentará aumentos elevados de custos, por necessitar escoar a
produção por rotas ou modais alternativos”, continua a entidade, em
nota. Na última quarta-feira (25), os caminhoneiros se encontraram com
representantes do governo federal para apresentar a pauta de
reivindicação. Entre os tópicos estão o congelamento do preço do óleo
diesel por pelo menos 12 meses; criação do piso mínimo para o valor dos
fretes, levando em consideração a distância percorrida e custos com
diesel; e criação de tabela única para base de cálculo e recolhimento do
ICMS. O presidente da Confederação Nacional dos Transportes Autônomos
(CNTA), Diumar Bueno, diz que os problemas enfrentados pelo setor, como o
aumento de preços do diesel e a defasagem no preço dos fretes, foram
agravados com o atraso do transporte da safra de 2015 e pelas dívidas do
financiamento dos caminhões. “Estamos em um período de entressafra que
deveria acabar em fevereiro, mas que por fatores econômicos só deve
acabar em março, quando se reiniciam os transportes de produtos
agrícolas. Houve um programa de incentivos à aquisição de caminhões e
agora os motoristas não têm trabalho; as poucas oportunidades foram
afetadas pelos aumentos de combustíveis e pedágios e, para piorar, a
dívida com os bancos só aumenta”, finalizou.
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