Foto: Agência Brasil
Dilma se tornou a própria crise. A sua sustentação no cargo
dependerá de alguns fatores, principalmente o que ela representa: a
incompetência para gerir, dialogar e o desmantelamento que ora se
verifica no PT, que perdeu o comando no Congresso. Daí as derrotas
seguidas que o Palácio do Planalto tem experimentado. Ontem à noite a
presidente se reuniu com 13 ministros, além de Michel Temer e seus dois
líderes congressuais. O assunto não foi a crise, porque a crise está
dentro do Palácio do Planalto refletida no espelho da presidente. O
temor que gera a desarrumação política chegou às ruas em forma do
impeachment, que poderá vir a ser - ou não ser - a depender dos próximos
dias, com a decisão do Tribunal de Contas da União e, em seguida, de
como repercutirá na Câmara dos Deputados se a decisão for negativa. O
curioso é que o seu vice e interlocutor para assuntos políticos, Michel
Temer, poderá se transformar numa solução se Dilma cair por impeachment,
ou num problema se a crise se institucionalizar e chegar ao Supremo
Tribunal Federal (STF), única forma legal e constitucional para a
realização de uma nova eleição para os dois cargos, presidente e vice.
Fora daí é golpe. O Brasil é hoje uma democracia e pelas vias
democráticas terá que encontrar a saída da crise que atravessa, na
economia, na política, oriundas de erros do PT, que construiu a
corrupção hoje generalizada dentro do próprio governo, isso na época em
que José Dirceu dava as cartas. Lula, então, comandava o país. Os
próximos dias serão cruciais para o quesito corrupção, a partir da
Operação Lava Jato, se dois importantes empresários falarem, em delação
premiada: Léo Pinheiro e Marcelo Odebrecht. Se tal acontecer, cai o rei
de ouro, e o Brasil conhecerá o Brasil que os brasileiros não tinham
conhecimento. Estamos imersos numa situação de complicação inimaginada.
Por não se desejar golpe de estado, tudo ficará na dependência do
Judiciário. O poder antes tido como o mais fraco, será o mais forte. O
Executivo, antes o mais forte, fragilizou-se com o desastre Dilma e o
Legislativo também vive a sua própria crise política. Será, no entanto,
decisivo se houver as mudanças que se vislumbram ali na esquina. Como na
antiga brincadeira infantil da cabra-cega, Dilma hoje sequer sabe de
onde vem e para onde vai. Sua memória está voltada para três décadas
atrás, quando ela e muitos milhares e milhares de brasileiros combateram
a ditadura. Daí repetir nos discursos recentes que é forte. Foi. Há
três décadas. Hoje é cabra-cega. Rodopia como um pião.
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