Foto: Marcos Santos/ USP Imagens
Com grande dificuldade de caixa, o Tesouro Nacional teve que
resgatar R$ 855,99 milhões do Fundo Soberano do Brasil (FSB) para
garantir o cumprimento da meta fiscal de 2015. O Tesouro informou que o
dinheiro foi necessário e já estava na contabilidade da equipe econômica
para ajudar no resultado das contas públicas deste ano. Segundo o
órgão, a previsão de saque constava no relatório de avaliação de
despesas e receitas do Orçamento deste ano encaminhado ao Congresso
Nacional. O uso do dinheiro constava nas estimativas de receitas com
venda de ativos. Mas o resgate do dinheiro do FSB não estava explicitado
no relatório para não prejudicar a estratégia do governo para esse
grupo de receitas. A meta do Governo Central, que reúne as contas do
Tesouro, INSS e Banco Central, é de déficit de R$ 51,8 bilhões - 0,90%
do Produto Interno Bruto (PIB). A regra fiscal para 2015, que foi
alterada este mês, permite ainda uma abatimento de R$ 11 bilhões com a
frustração de receitas com o leilão das hidrelétricas e R$ 57 bilhões
com o pagamento das chamadas "pedaladas" fiscais - atrasos nos repasses
de recursos para os bancos públicos e o FGTS. Ao Broadcast, serviço de
notícias em tempo real da Agência Estado, o Tesouro negou que o dinheiro
do FSB será usado para o pagamento das pedaladas. Depois do resgate de
R$ 855,99 milhões, o FSB tem ainda R$ 1,6 bilhão em ações do Banco do
Brasil. Mas o Tesouro informou que não há estratégia em relação ao fundo
para 2016. Os recursos do FSB estavam depositados num fundo privado
administrado pelo Banco do Brasil, o Fundo Fiscal de Investimentos e
Estabilização (FFIE). O Fundo Soberano é cotista único do FIEE. O FSB é
uma poupança que o governo fez em 2008 para ser usada quando necessária.
Na época da criação do FSB, o governo tinha também a intenção de usar o
fundo para alavancar investimentos. Em 2012, o FSB foi utilizado nas
manobras contábeis promovidas pela equipe do ex-ministro da Fazenda,
Guido Mantega, para melhorar as contas do governo no final do ano. Com
essas operações, o fundo acabou ficando recheado de ações, o que acabou
prejudicando a sua gestão.
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