quinta-feira, 29 de junho de 2017

Áudios recuperados da gravação de Joesley sugerem que Temer pressionou BNDES

Áudios recuperados da gravação de Joesley sugerem que Temer pressionou BNDES
Maria Silvia era presidente do BNDES à época | Foto: Beto Barata/ PR
Após melhorias no áudio da conversa entre o presidente Michel Temer com o sócio da JBS, Joesley Batista, gravado secretamente pelo empresário, a PF encontrou indícios de que o peemedebista disse ter pressionado o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em favor da companhia. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, durante a conversa, Joesley afirma ter ouvido do ex-ministro Geddel Vieira Lima que houve empenho e esforço com "o BNDES e aquela operação lá". No trecho que os peritos da PF informam ter recuperado agora, o presidente responde: "Sabe que eu fui em janeiro pressionar". No contexto, a análise do áudio aponta que a pressão foi aplicada sobre a então presidente do BNDES, Maria Silvia Marques Bastos – um pouco depois, na gravação, o peemedebista acrescenta: "Muito recentemente eu a chamei, porque ela tá travando muito crédito", segundo a transcrição feita pelos peritos da PF. "Eu chamei e ela veio me explicar", completa Temer, que reproduz o diálogo com Maria Silvia. "Aquele [ininteligível] da JBS, deu para fazer [ininteligível]?", perguntou Temer, segundo o relatório da PF. "Nós fizemos de outro jeito que deu certo", disse a presidente do BNDES, conforme aponta o relatório. A JBS anunciou um plano de reestruturação em 2016, mas teve de cancelá-lo após o veto do BNDES – o braço de investimentos da instituição, o BNDESpar, é sócio da JBS. A família Batista planejava transferir a sede da empresa para a Irlanda, de forma que a operação brasileira se tornasse uma subsidiária. A companhia lançaria ações da nova JBS na Bolsa de Nova York. O plano foi divulgado no dia 11 de maio de 2016, um dia antes de Michel Temer assumir interinamente a Presidência da República, após o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) pelo Senado. Sem o aval do BNDES, a JBS abandonou a ideia no final de outubro. Na última semana, o banco afirmou que Maria Silvia tratou do assunto com Temer em um encontro no dia 24 de outubro de 2016, quando teria comunicado ao presidente a decisão de vetar a transação. Ela negou, no entanto, ter sofrido pressões. Segundo a instituição, esse foi o único encontro para tratar do assunto. A Presidência não quis comentar os trechos da gravação recuperados pela PF. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário