Após um atraso de quase uma hora, provocado pelo mau tempo na chegada a Medellín, o papa Francisco celebrou uma missa para centenas de milhares de fiéis no aeroporto Enrique Olaya Herrera neste sábado (9). Durante a sua homilia, o Pontífice convidou os fiéis e a Igreja a renovar-se e a não ficar apenas apegado à doutrina. "Jesus nos ensina que a relação com Deus não pode ser um frio apego às normas e às leis, muito menos uma obrigação de cumprir certos atos exteriores que não levam a uma mudança real de vida. Ser discípulo não é algo estático, mas um contínuo movimento até Cristo; não é simplesmente apegar-se à doutrina, mas uma experiência de presença amigável, viva e operante no Senhor", disse aos fiéis. Segundo Francisco, ser um discípulo não é um "mero costume porque temos um certificado de batismo", mas é preciso que seja uma "experiência viva". "Não podem ser cristãos aqueles que ficam levantando continuamente o cartaz de 'proibida a passagem', nem considerar que esse espaço é minha propriedade, tomando posse de qualquer coisa que não seja absolutamente minha. A Igreja não é nossa, é de Deus", acrescentou.
Em outra passagem de seu sermão, Jorge Mario Bergoglio lembrou que a Igreja "não deve ter medo" de se renovar porque desde a época de Jesus Cristo, que "'assustava' os doutores da lei para que saíssem de sua rigidez", há o ensinamento de que a Igreja está "sempre em renovação". "A renovação requer sacrifício e coragem, não para sentir-se melhor ou impecável, mas para responder melhor à chamada do Senhor. E na Colômbia, há muitas situações que pedem aos discípulos o estilo de vida de Jesus, particularmente, no amor traduzido em atos de não violência, de reconciliação e de paz", afirmou o líder católico sob muitos aplausos dos presentes. Ao falar de servir aos outros, Francisco lembrou do padre jesuíta espanhol Pietro Claver (1580-1654), do qual se celebra a memória litúrgica neste sábado, e que teve um papel missionário na cidade colombiana de Cartagena, para onde o líder católico irá neste domingo (10).
"'Escravo dos negros para sempre' foi seu lema de vida porque entendeu, como discípulo de Jesus, que não poderia permanecer indiferente perante aos sofrimentos dos mais abandonados e explorados de seu tempo - e que deveria fazer algo para aliviar isso", afirmou aos colombianos. Além disso, Bergoglio lembrou de um encontro de bispos ocorridos na cidade brasileira de Aparecida. "Irmãos e irmãs, a Igreja na Colômbia é chamada a comprometer-se com maior audácia na formação de discípulos missionários, como nós indicamos como bispos reunidos em Aparecida, em 2007. Discípulos que saibam ver, julgar e agir, como havia proposto o documento latino-americano nascido nestas terras", disse ao se referir a um texto assinado em Medellín em 1968.
A cidade de Medellín é a terceira a ser visitada por Bergoglio em sua viagem à Colômbia, iniciada na última quarta-feira (6), e que teve eventos em Bogotá e Villavicencio. O local foi escolhido por também ser um território marcado pela violência de um dos maiores cartéis de narcotraficantes da história e ter conseguido se reconstruir. Ainda neste sábado, o sucessor de Bento XVI tem como compromissos encontros com religiosos locais, famílias e seminaristas em Medellín. Também está previsto um discurso na Nunciatura de Bogotá, na noite de hoje, após voltar da cidade colombiana. (ANSA)
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