sábado, 21 de abril de 2018

Joesley afirma ter repassado R$110 mi a Aécio Neves em 2014


     

O empresário Joesley Batista afirmou em depoimento à Polícia Federal ter repassado R$ 110 milhões ao senador Aécio Neves (PSDB) durante a campanha do tucano à Presidência da República em 2014, em troca de apoio do mineiro nos negócios da J&F, empresa de Joesley e seu irmão, Wesley Batista. O tucano era considerado candidato em ascensão na avaliação do empresário. A informação foi publicada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Estado. De acordo com o jornal, o empresário entregou à autoridade policial uma planilha em que listou doações, ao lado de notas fiscais e de recibos com informações para comprovar o repasse ao senador. Segundo Joesley, o valor foi dividido entre o PSDB, que teria ficado com R$ 64 milhões, o PTB, que teria embolsado R$ 20 milhões, e o Solidariedade, que teria levado R$ 15 milhões, e R$ 11 milhões, que teriam ido para as campanhas de políticos que apoiaram a campanha do tucano à Presidência.
Após efetuar o pagamento, Joesley afirmou que o tucano o procurou para que recebesse R$ 18 milhões para cobrir dívidas da campanha. De acordo com o jornal, a transação teria sido realizada por meio da compra de um prédio em Belo Horizonte (MG). Em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR) em agosto, Joesley afirmou que pagou R$ 50 mil por mês ao senador entre 2015 e 2017. No relato aos investigadores em agosto, o empresário disse que a mesada foi solicitada pelo senador para custear suas despesas e que o pagamento era feito por meio da Rádio Arco Íris, da qual Aécio era sócio. A informação é do jornal Folha de S.Paulo e foi confirmada pelo Estado.
De acordo com o jornal, as 16 notas fiscais emitidas no período informam a prestação de “serviço de publicidade” e que o valor mensal era de patrocínio ao programa da rádio “Jornal da Manhã”. O valor total das notas fiscais chega a R$ 864 mil. Aos procuradores, o empresário afirmou que o intuito dos pagamentos era de manter um bom relacionamento com Aécio. Mais cedo, a defesa do senador afirmou se tratar de uma demonstração “da má-fé e do desespero do delator na tentativa de manutenção do seu extraordinário acordo de delação, atualmente sob risco de ser anulado”. “O senador jamais fez qualquer pedido nesse sentido ao delator, da mesma forma que, em toda a sua vida pública não consta nenhum ato em favor do grupo empresarial”, afirmou seu advogado, Alberto Zacharias Toron.
Réu
Na terça-feira, a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tornou o senador réu pelos crimes de corrupção passiva e obstrução à justiça. Com a decisão, os ministros confirmam que os indícios apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) são suficientes, neste momento, para que o senador responda aos crimes por meio de ação penal. A PGR acusa o tucano de receber ilicitamente R$ 2 milhões de Joesley Batista, oriundos do grupo J&F, e de atrapalhar as investigações em torno da Operação Lava Jato. Os demais acusados, Andrea Neves, Frederico Pacheco de Medeiros e Mendherson Souza Lima se tornaram réus pelo crime de corrupção passiva. A estratégia da defesa foi tentar invalidar as provas trazidas por Joesley no caso. Os advogados também afirmam que houve “verdadeira ação controlada, sem autorização judicial”, quando Aécio foi gravado pelo empresário.

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