O pré-candidato do PSL ao Palácio do Planalto, deputado Jair Bolsonaro, afirmou ontem (4) que com a atual composição do Supremo Tribunal Federal (STF) o país vai ficar “ingovernável” e argumentou que o sinal que se passa para a população é de não se respeitar as leis. “Com esse Supremo vai ficar ingovernável o país também. O sinal que dá para a população é não respeite as leis”, disse Bolsonaro, em entrevista coletiva após participar de evento com presidenciáveis promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). As críticas de Bolsonaro —líder nas pesquisas de intenção de voto ao Planalto nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva— ocorreram após ele comentar a decisão do ministro do STF Ricardo Lewandowski de suspender processos de venda de ativos de empresas públicas com base na Lei de Estatais. Essa determinação de Lewandowski fez, por exemplo, a Petrobras suspender parte do seu programa de desinvestimento. O ministro do STF entendeu que esse tipo de processo de venda de ativos precisa passar antes pelo Supremo.
Para Bolsonaro, essa decisão judicial foi “ideológica”. O pré-candidato do PSL criticou ainda o Poder Judiciário ao afirmar que vários órgãos dele estariam “legislando” ao tomar decisões e destacou que é preciso de um presidente que, de forma “isenta, transmita confiança e respeite as leis”. “Que evite que o nosso Supremo Tribunal Federal continue legislando, bem como o CNJ, como legislou em relação às audiências de custódia”, disse ele, que também se referiu a recente decisão do Superior Tribunal de Justiça, que se pronunciou sobre a forma como os cidadãos podem se manifestar em abordagens policiais. Dias atrás, o parlamentar defendeu o aumento do número de integrantes do STF, atualmente composto por 11 ministros. Na sabatina promovida pela CNI, Bolsonaro repetiu novamente que vai “botar alguns generais” nos ministérios se vencer a corrida ao Palácio do Planalto.
“Que o presidente que chegar lá nomeie e escale o seu time”, disse. “Os anteriores colocavam terroristas e corruptos quando chegavam lá”, completou ele, em um dos dez momentos que foi aplaudido durante o evento —o que recebeu o maior número de palmas do público até o momento. Em entrevista coletiva após o evento, o pré-candidato disse que, quando a campanha começar, vai apresentar quase todos os nomes que poderiam compor o seu ministério. “Ou faz algo diferente ou não faz”, disse. “Não é general por ser general, é pessoa competente”, acrescentou, ao destacar que general não é “incorruptível”, mas a “pressão é menor”. Bolsonaro disse novamente que terá apenas 15 ministérios — atualmente são 29 pastas na Esplanada. Em outro momento em que foi fortemente aplaudido, o deputado disse que pode ser preciso reduzir direitos trabalhistas. “Teremos de decidir: menos direitos e emprego ou todos os direitos e desemprego”, destacou. Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu/Reuters
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