terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Ex-secretário acredita em ‘inflexão brusca’ na política externa



Por Rodrigo Daniel Silva
O ex-secretário de Relações Internacionais da prefeitura de Salvador, Leonel Leal Neto, avalia que o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que inicia no dia 1ª de janeiro, terá uma “inflexão brusca” no relacionamento do Brasil com os demais países. Na avaliação dele, as posições ideológicas não deveriam prevalecer em relação aos interesses estratégicos, mas, para Leal, é o que deve acontecer na gestão do capitão reformado. “As declarações tanto do presidente eleito quanto do futuro ministro das Relações Exteriores [o diplomata Ernesto Araújo] sinalizam com uma mudança bastante significativa. Uma inflexão brusca no relacionamento internacional do país. Resta ver quais as consequências disto. O que o país ganha e que o país perde, se efetivamente as mudanças que forem anunciadas, forem implementadas”, declarou, em entrevista à Rádio Câmara Salvador.
Leonel Leal acredita que pode haver mudança de postura na equipe presidencial quando assumir. “A expectativa que a gente tem é de que, embora o anunciado futuro ministro das Relações Exteriores contenha posições atípicas dentro do Itamaraty, quando sentar na cadeira e tomar consciência da responsabilidade plena pese isso na tomada de demissões”, analisou, ao ressaltar que Bolsonaro toma decisão ideológica e não de interesse estratégia ao anunciar que quer transferir a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém.
O ex-secretário ressaltou que o Brasil sempre teve relações com todos os países. Inclusive, com Cuba e durante a ditadura. “O Brasil foi, por exemplo, o primeiro país a reconhecer a independência da Angola ainda no governo militar. Abriu relações diplomatas com a China. Então, o Brasil sempre teve relações estratégicas com quaisquer países. Mesmo com aqueles que a gente considera de ditadura de esquerda ou de eventualmente de ditadura de direita”, pontuou.
Para ele, o programa do governo federal “Mais Médicos” com a participação de cubanos foi “um ganho que o país teve”. “A população vinha sendo desassistida e durante este período recebeu com o carinho os médicos que vieram contribuir”, ressaltou. Na avaliação dele, Bolsonaro, ao pedir para o Brasil não sediar a COP-25 – a conferência anual da ONU para negociar a implementação do Acordo de Paris – sinalizou, para o mundo, que a discussão climática não é um tema prioritário.

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