Foto: Reprodução
Por Rodrigo Daniel Silva
Os deputados estaduais tentaram votar, ontem, o pacote enviado pelo governador reeleito Rui Costa (PT) para Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), mas os servidores contrários às propostas invadiram o plenário e impediram a apreciação. Presidente da Casa, o senador eleitor Angelo Coronel (PSD) cogitou mudar o local de votação, mas desistiu. “Uma nova sessão será aberta amanhã [hoje] e os projetos serão debatidos. [Serão] aprovados ou não a depender do quórum que tiver no plenário. Agora, estou aqui, como magistrado, querendo a paz. São dois anos de presidência e nunca aconteceu nenhum problema desta natureza. Estou aí tentando costurar, até a exaustão, para que tenha consenso”, declarou, em entrevista à imprensa. O pacote governista prevê a extinção de cargos, a redução de estatais, e aumento da contribuição do servidor público para a Previdência estadual de 12% para 14%. Segundo o governo, as medidas vão trazer uma economia no valor de cerca de R$ 400 milhões.
Cotado para líder da oposição, o deputado estadual Targino Machado (DEM) exaltou a ação dos servidores de impedir a votação. “Tomara que esses aqui sejam uma boa amostra dos eleitores com vontade de mudança nas próximas eleições. Porque a vontade de Rui Costa é falsear. O projeto que ele diz que é para diminuir despesas, na verdade, aumenta. O povo precisa vir mesmo, aqui é a Casa do povo", afirmou.
Revoltado com o pacote, a cúpula da Polícia Civil informou, ontem, que vai entregar os cargos de chefia por causa da proposta do governador de estipular um teto salarial de R$ 22,4 mil. Os policiais militares e outras categorias também já protestaram contra as medidas e não descartaram a possibilidade de entrar em greve. “Isso prova que o governador cometeu estelionato eleitoral. Os servidores que tanto apoiaram eles receberam esse presente de grego em pleno natal. Ele deveria retirar o projeto, como ele diz que é sindicalista e negociar com as categorias. Não pode o servidor pagar por um erro na administração. Se há um rombo a culpa é dele. A oposição está em obstrução”, disse o deputado estadual Marco Prisco (PSC).
Líder do governo na AL-BA, Zé Neto (PT) voltou a defender o pacote. “Não é uma decisão política de opção. Acordamos e só temos uma. Aliás, tínhamos outra: aumentar impostos. Isso a gente não vai fazer. Tem que arrumar a casa. [...] Vamos conversar com um, com outro. Votar, nós vamos. Ou hoje, ou amanhã, ou o que for. Vamos nos organizar para votar. A prioridade é votar todos que estão na pauta”, ressaltou.
Definição
A bancada de oposição na AL-BA oficializou, ontem, o apoio ao deputado estadual Nelson Leal (PP) para presidente da Casa. A eleição está prevista para acontecer no dia 1º de fevereiro. “O deputado Nelson Leal recebe o apoio oficial da oposição com uma conversa muito firme relacionada a um novo formato de administrar a Casa e sobre a necessidade de aproximar mais a Casa da sociedade. Foi o candidato que mais demonstrou preocupação em reservar e proteger os espaços constitucionais da oposição”, argumentou o oposicionista Sandro Régis (DEM). Leal já tinha conquistado o apoio da base governista após fechar acordo como governador Rui Costa para presidir o Legislativo no biênio 2019/2020, e o parlamentar Adolfo Menezes (PSD) no período 2021/2022.
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