segunda-feira, 29 de julho de 2019

Estresse de humanos afeta os cães, afirma estudo

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O processo evolutivo de domesticação dos cães alcançou um patamar inimaginável de interação entre animais e os donos. Acontece que os níveis de cortisol – hormônio do estresse – do animal estão diretamente relacionados aos do seu cuidador. Esse fenômeno foi observado por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Linköping, na Suécia. A pesquisa foi divulgada no periódico científico Scientific Reports.
A bióloga Lina Roth, uma das autoras da pesquisa, declarou em entrevista à BBC News que, a longo prazo, o organismo dos cães sincroniza seu nível de estresse com o do humano. “Não encontramos nenhum grande efeito da própria personalidade do cão no estresse de longo prazo. A personalidade do dono, por outro lado, teve forte efeito. Isso leva-nos a concluir que o cão espelha o stress do dono”, disse Roth.
Os cientistas acreditam que esse seja um efeito colateral evolutivo dos cachorros que os torna extremamente dependentes dos humanos. A literatura científica diz que os cães são uma evolução dos lobos-cinzentos, que começaram a ser domesticados há cerca de 33 mil anos.
Sobre o Estudo
Para chegar à essa conclusão, foram analisados 58 cães das raças border collie (25) e pastor de shetland (33). Todos eles tinham mulheres como donas. Tanto os animais quanto as voluntárias tiveram seus pêlos e cabelos cortados em duas ocasiões distintas para amostra. Além disso, todas as donas precisaram responder a formulários descrevendo sua personalidade e de seus bichinhos.
“À medida que o pelo cresce, o cortisol da corrente sanguínea é gradualmente incorporado. Isso forma uma espécie de calendário retrospectivo dos níveis de cortisol. Portanto, a partir de amostras de cabelo, conseguimos analisar os níveis de estresse ao longo de meses”, explicou Roth sobre a metodologia utilizada.
A atividade física também libera o hormônio cortisol no corpo humano, e por esse motivo a equipe selecionou cachorros mais sedentários e outros de competição, visando descobrir se o mesmo ocorre com os dois grupos. Todas as atividades foram monitoradas durante o período do estudo e o que se percebeu foi que nos cães não há a alteração provocada pelo esforço físico.
Curiosamente, pôde-se observar que os bichinhos que participam de competições são mais sincronizados com os seus donos. Acredita-se que isso se deva ao fato de precisarem de cuidados especiais e gastarem mais tempos juntos nos treinamentos.
De acordo com o portal PetsAlegres, essa interação e convívio entre o dono e os cachorros que participam de campeonatos provoca um apego e dependência ainda maior dos bichinhos aos seus donos.
Novas perspectivas
Para seguir com essa linha de pesquisa, os profissionais envolvidos no estudo acreditam que a amostragem precisa ser ampliada para que se compreenda a frequência desse fenômeno com outras raças e se acontece o mesmo quando o dono é do sexo masculino. E ainda, se o mesmo acontece com outros animais domésticos, como o gato.
Eles acreditam que os cães de caça, por serem mais independentes, podem não apresentar essa sincronização, ao menos não de forma tão intensa. “Nós ainda não sabemos o mecanismo por trás da sincronização, uma vez que o que observamos foram correlações”, diz Roth, abrindo espaço para que se avance nas pesquisas.
Fonte: Jequié Repórter

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