Infectologista diz que situação pode agravar saúde de moradores
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| Pedro Alexandre foi atingida por rompimento de barragem (Foto: Raul Marques/Divulgação) |
O rompimento da barragem do Quati, no município de Pedro Alexandre, deixou um forte contraste na localidade. Enquanto as ruas estão alagadas, as torneiras de cerca de 1.500 casas estão completamente secas desde o dia do incidente, em 12 de julho.
Segundo a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), responsável pelo abastecimento de água no local, a distribuição foi interrompida porque "as fortes chuvas no município danificaram, no dia 12, a estrutura que sustentava trecho de adutora que abastecia a sede municipal localizada nas margens de um riacho".
A Embasa informou ainda que um serviço de reparo foi iniciado no dia 13, mas, devido à continuidade das chuvas, não foi possível concluir a implantação de nova estrutura. A previsão de conclusão é para esta terça-feira (16), com regularização do abastecimento no decorrer da semana. Por conta disso, desde o dia seguinte ao rompimento o município de Pedro Alexdandre está sendo abastecido de forma alternativa, por meio de carros-pipa.
De acordo com a empresa, são fornecidos cerca de 100 mil litros de água por dia para os moradores afetados. A água utilizada nos carros-pipa vem da própria adutora, mas é captada em ponto anterior ao trecho do rompimento. Apesar de ter sido uma das cidades mais atingidas com a enxurrada provocada pelo rompimento da barragem, o município de Coronel João Sá não foi afetado com a falta de água.
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| Rompimento de barragem afetou Pedro Alexandre e Coronel João Sá (Foto: Evandro Veiga/CORREIO)
Saúde em risco
A falta de água é um problema grave para um município que acabou de passar por uma situação como a de Pedro Alexandre. O CORREIO conversou com a infectologista Áurea Angélica Paste, que explica os riscos. "É um grande problema porque quem está em um ambiente como esse está exposto a muitas doenças e a maioria delas pode ser prevenida com uma medida simples, que é lavar as mãos", diz.
Segundo a especialista, quando há rompimento de barragem, a água se mistura com esgotos, mangues e sujeiras.
"Isso pode deixar as pessoas expostas a muitas doenças, como Hepatite A, infecções por bactéria, salmonela, leptospirose, tétano em caso de corte e contato com terra que já está mais seca, bactéria e.coli, verminoses, parasitas, giárdias, amebas, é muita coisa", lista.
Embasa que estão finalizando os reparos. Em breve a água retornará".
Ele disse ainda que o município, que tem cerca de 22 mil habitantes, teve maiores danos na zona rural. "Aqui, 35% das famílias moram na cidade e 65% na zona rural. A maior parte afetada foi mesmo na zona rural. Nunca vimos situação dessa. A barragem do Quati era pai e mãe para a comunidade, então muita gente ficou desassistida. Quem tinha lavoura, plantação de milho, feijão, melancia, batata, inhame, perdeu muito. Muitas casinhas também foram atingidas, algumas caíram, outras estão condenadas. Teve gente que perdeu geladeira, sofá, fogão", conta.
Segundo o gestor municipal, as pessoas prejudicadas estão sendo orientadas a fazer um cadastro junto à secretaria social e a Defesa Civil para ver como serão ressarcidas. Segundo ele, entre 450 e 500 imóveis foram afetados, mas não há informação de quantos estão condenados.
Pedro Gomes Filho destacou ainda que um dos maiores problemas da prefeitura será reconstruir os 105 km de estradas vicinais, que ficam dentro da própria cidade. "Nosso município tem 104m² de território, é uma cidade pequena e muito pobre. Essas estradas vicinais estão inundadas, intransitáveis. E nós usamos elas para transportar doentes para hospitais, crianças para as escolas. Elas já estavam ruins, tanto que no dia 11 eu decretei estado de emergência. Agora elas estão totalmente destruídas", explicou.
Animais também estão em risco
A saúde dos animais também é uma preocupação para os municípios afetados. Uma equipe de veterinários de Salvador foi enviada para Coronel João Sá para prestar assistência aos animais afetados pelas enxurradas.
A ação é coordenada por Ilka Gonçalves, presidente da comissão de ética e bem estar do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia (CRMV-BA). Segundo ela, a equipe conta com cinco médicos veterinários e presta atendimento gratuito desde sexta-feira (12).
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