quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Ignorar prova de Inglês ou Espanhol no Enem é cilada; entenda

Historicamente, notas nas disciplinas são muito baixas


Matemática, Biologia, Português, Redação... É tanta coisa para dar conta que, na hora de estudar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), muitos estudantes deixam a prova de língua estrangeira de lado. Uns por falta de familiaridade com o inglês e o espanhol, outros por achar que apenas cinco questões não farão a diferença. É aí que mora o perigo.

Ter um bom desempenho na Língua Estrangeira eleva a nota da área Linguagens, Códigos e suas Tecnologias na prova, que conta com 45 questões, sendo cinco delas de Inglês ou Espanhol - ou seja, 11% da prova. O idioma é escolhido no ato da inscrição. 

Mas por que é importante ir bem nessa prova? Simples. Além de não desperdiçar mais de 10% da prova, o estudante tem a chance de ter um grande diferencial e sair na frente dos concorrentes. De acordo com os microdados do Enem, a média de acerto dos brasileiros nos idiomas é muito baixa: em Inglês é de 45%, enquanto em Espanhol é de 34%.



Historicamente, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em todo o país, 60% dos alunos escolhe a língua espanhola e 40% a inglesa. Já na região Nordeste, no ano passado, uma pesquisa apontou que 71% escolhem o espanhol e 29% o inglês. Ainda não há o percentual de escolhas neste ano e também não há o detalhamento na Bahia.
E tem mais: mesmo que o aluno não tenha estudado nadinha dos idiomas até agora, dá para responder às questões do exame. E quem garante isso é o especialista em Língua e Literatura Espanhola e professor do Instituto Dom de Educar (Rede FTC), Rodolfo Badilla.

"O número de questões, de fato, é bem desproporcional em relação à Língua Portuguesa, mas são cinco questões de interpretação de texto, apenas. Ou seja, mesmo quem nunca estudou nada de espanhol na vida, é capaz de responder a essas questões. Elas trazem o texto inicial todo no idioma escolhido, mas o enunciado é sempre em português. Ou seja, a prova não é feita para um nativo de outro país, e sim para um aluno brasileiro".

Por isso, a dica dele e da professora de Inglês Gina Teixeira é a mesma: ler primeiro a pergunta e só depois ir para o texto de apoio. Pode fugir à ordem habitual, mas é o melhor caminho a ser feito.

Gina dá aulas de Inglês há 37 anos (Foto: Acervo Pessoal)



"É que a pergunta já é direta, já fala em português e de forma clara o tema do texto. Então, isso te dá uma luz, você já vai para o texto sabendo do que se trata, já sabe o tema, o que te ajuda a poupar tempo, o que é fundamental no Enem. Você não perde tempo traduzindo as palavras, uma por uma. Já vai sabendo o que vai encontrar ali", explica Gina.

Ao receber o caderno, o estudante vai se deparar com 10 questões de Língua Estrangeira, sendo 5 de cada idioma. Apesar disso, ele só responderá o questionário do idioma que escolheu no ato da inscrição, deixando a prova da outra língua em branco.
Rodolfo pede que alunos não ignorem prova de Língua Estrangeira (Foto: Betto Jr/CORREIO)

Cuidados
Embora seja bom ter uma noção básica de gramática, para assimilar o que está escrito, não é necessário saber aplicá-la nos textos. As questões, afinal, são de marcar. O que pesa mesmo é saber ler e interpretar. Um levantamento da plataforma SAS Educação, entre os anos de 2009 e 2018, mostra que leitura e interpretação de textos e de cartuns e tirinhas foi o tema que mais caiu.

Em Inglês, somando interpretação de texto (47 questões) e de cartuns e tirinhas (11), são 64,4% das questões. Já em Espanhol, são 51 questões em que o aluno precisou interpretar textualmente (56,7%).

"Muita gente dá ênfase na gramática, mas não é o que mais cai. Para ler um texto, você precisa saber tempo verbal, conjunção, voz passiva. Se eu não sei o que é voz passiva, não vou entender a compreensão textual. Mas o foco  mesmo é saber interpretar", explica Gina.

"E não basta se prender só aos textos também, porque muitas vezes o Enem cobra a interpretação das charges, tirinhas, cartuns, poesia, música. A prova aborda diversos tipos de gênero de literatura", completa Rodolfo.

Apesar de precisar saber basicamente interpretar, isso não significa que seja mamão com açúcar também. Existem algumas pegadinhas que podem fazer os mais desatentos se darem mal. A principal delas é o falso cognato, que é quando duas palavras parecem ter o mesmo significado por possuírem sons e escritas parecidos.

"Por exemplo, a palavra bassoura em espanhol significa lixo. Muitos alunos podem ler e achar que é vassoura", alerta Rodolfo.
A lista de falsos cognatos é enorme, por isso, é importantíssimo ter um repertório vocabular. No caso do inglês, Gina diz que eles não são tão frequentes quanto no espanhol, que tem uma língua semelhante ao português, mas alerta que também existem pegadinhas.

"Não é que seja uma prova cheia de pegadinhas, mas a prova de Inglês, por exemplo, costuma ter uma questão certa e umas duas parcialmente certas. O aluno que não domina os termos, que não sabe o contexto que a palavra se encaixa no texto, pode ficar confuso. Fica em dúvida porque as questões erradas dão aquela sensação de que podem, sim, estar corretas", avisa.

O Inglês foi introduzido no Enem em 2009, enquanto o Espanhol passou a fazer parte no ano seguinte. E outro bom motivo para não deixar a área de lado, é que uma boa nota na prova de Linguagens é fundamental para quem almeja qualquer curso.

É verdade que cada curso tem seu peso e cada instituição tem liberdade para decidir quais deles vai atribuir para cada curso. No entanto, é universal a ideia de que uma boa pontuação na prova de Linguagem é fator decisivo na hora de entrar em qualquer unidade educacional.
Na Universidade Federal da Bahia (Ufba), por exemplo, a prova de Linguagem tem peso 3 em absolutamente todas as áreas, seja de exatas ou de humanas, o que é considerada uma relevância alta. Os pesos de todos os cursos podem ser consultados aqui

Fonte: Correio 24 horas

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