terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Um casal na disputa pela estatueta de melhor filme

Greta Gerwing e Noah Baumbach disputam a categoria de melhor filme com ‘Adoráveis Mulheres’ e ‘História de um Casamento’. É a primeira vez que um casal disputa o Oscar

O casal na última cerimônia do Globo de Ouro. MARIO ANZUONI / REUTERS (Reuters)
O filme dela, Adoráveis Mulheres, é uma adaptação do clássico de Louisa May Alcott, Mulherzinhas, de 1869; A dele, História de um Casamento, é a reconstituição cinematográfica de um divórcio que guarda reminiscências suspeitas com que viveu com a atriz Jennifer Jason Leigh. Estão juntos há oito anos e agora, pela primeira vez na história do Oscar, um casal compete pelo troféu de melhor filme. Greta Gerwig e Noah Baumbach admitiram que: “Há uma certa sensação de um querer se pavonear diante do outro”.
Conheceram-se em 2009, no set de filmagens da comédia O Solteirão, de Baumbach, que ele escreveu a quatro mãos com a que era então sua mulher. Em algumas entrevistas, Baumbach disse que seu relacionamento com Gerwig não começou naquelas filmagens, mas em 2011, um ano depois do início do processo de divórcio de Leigh. Na primeira entrevista que concederam juntos, dada apenas dois meses atrás à Hollywood Reporter, o casal evitou dar explicações ou dados exatos sobre as origens de seu relacionamento. Baumbach fez apenas uma afirmação taxativa em relação a História de um Casamento: “Não se parece em nada com a minha história pessoal”, ao que Gerwig acrescentou, rindo, em referência à cena do filme em que Adam Driver canta uma versão melancólica de Being Alive, de Stephen Sondheim: “Sim, ele jamais cantaria”.
Durante os últimos meses os dois estiveram na linha de largada para conseguir uma indicação ao Oscar de melhor diretor; uma disputa em que também partiam como favoritos Tarantino, Sam Mendes, Martin Scorsese e Bong Joon Ho. No final, nenhum dos dois conseguiu. Se Gerwig tivesse sido incluída, teria entrado na rara lista de mulheres que alcançaram uma indicação nessa categoria em que estão Katherine Bigelow, Sofia Coppola, Jane Campion e Lina Wertmüller.
No entanto, o casal conseguiu emplacar seu trabalho na categoria de melhor filme. E isso é inédito: nunca antes dois diretores com um vínculo romântico tinham competido de uma forma tão direta pela mesma estatueta. Os dois que mais se aproximaram foram precisamente Kathryn Bigelow, com Guerra ao Terror e James Cameron, com Avatar, em 2010. Ambos concorriam nas categorias de melhor filme e melhor diretor: Bigelow venceu nas duas. Mas quando isso aconteces já fazia muito tempo que os dois estavam divorciados.
Gerwig e Baumbach são os primeiros a lidar com a tensão da competição na linha de frente, o que não é fácil para muitos casais de Hollywood. É conhecida “a maldição” que cai sobre as mulheres que ganham um Oscar: poucos meses depois se divorciam. É o caso de Jennifer Hudson, Kate Winslet, Liza Minelli, Renée Zellweger, Sandra Bullock e Reese Witherspoon. Para este casal, porém, a tensão da competição não é nova.
Eles mesmos explicaram à Hollywood Reporter há dois meses como conciliaram suas respectivas agendas no ano passado, em que Gerwig, além das filmagens, enfrentou o desafio de sua primeira gravidez. Por causa das filmagens de Adoráveis Mulheres, Gerwig e Baumbach tiveram que passar a maior parte do outono de 2018 separados. Ela estava perto do lago Walden, em Massachusetts, e ele foi vê-la muitos fins de semana. Anteriormente, Baumbach não pôde participar da noite do Oscar de 2018 com sua mulher, que fora indicada por Lady Bird: a Hora de Voar, em várias categorias, porque estava terminando precisamente História de um Casamento. “Uma das vantagens de dois diretores terem um relacionamento pessoal é que nós dois estamos perfeitamente conscientes de quão absorvente este trabalho pode ser”, explicou Baumbach à Hollywood Reporter. E prosseguiu: “Você chega em casa às três da madrugada e deita na cama, a outra pessoa está meio adormecida e você sente ...". A frase foi completada por Gerwig: “Sozinho”. Ao que ele assentiu: “Destroçado e solitário, e você nem sequer sabe se conseguiu o melhor na gravação”. Gerwig continuou: “O que você mais deseja no mundo é que haja alguém para cuidar de você, porque fazer um filme é muito duro, mas, como nós dois estamos fazendo, nem sempre conseguimos ser essa pessoa um para o outro. Nem sempre foi completamente possível.”



***Fonte: brasilelpais
Acessado em: https://brasil.elpais.com/

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