Foto: André Dusek/Estadão
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse ontem que o governo deve apoiar a aprovação, no Congresso, de uma proposta de reforma da Previdência que mantenha cerca de 50% do texto original. Meirelles falou a jornalistas após deixar café da manhã na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para discutir a reforma da Previdência. Participaram do encontro o presidente Michel Temer, ministros do governo, líderes de partidos da base aliada no Congresso e o relator da reforma, deputado Arthur Maia (PPS-BA).
De acordo com Meirelles, o governo não vai abrir mão de manter na proposta alguns pontos, entre eles a criação de idade mínima para aposentadoria, que hoje, no texto, está em 65 anos para homens e 62 anos para mulheres. O café da manhã de ontem é mais uma tentativa de Temer de articular a aprovação da reforma da Previdência. O esforço ocorre após o presidente sinalizar, no início da semana, que o governo havia "jogado a toalha" em relação à reforma, o que provocou instabilidade no mercado financeiro.
Depois disso, auxiliares do presidente têm afirmado que o governo não desistiu de aprovar a reforma em 2017, ainda que admitam a necessidade de ceder e deixar o texto mais enxuto para garantir apoio no Congresso faltando menos de um ano para as eleições. O ministro da Fazenda já havia admitido que o governo poderia negociar mudanças na proposta para reduzir as resistências de deputados e senadores. Porém, é a primeira vez que ele aponta que, com as alterações em negociação, 50% da proposta original deve ser mantida.
Meirelles disse que o texto final da proposta ainda não está fechado e que é alvo de discussão no Congresso, que terá a última palavra. Ele apontou, porém, que, independentemente de qual seja a versão final, é preciso que ela contribua para reduzir o déficit da Previdência e equilibrar as contas públicas nos próximos anos.
Para o ministro da Fazenda, durante a reunião se consolidou o entendimento de que é preciso votar a reforma da Previdência ainda neste ano. Meirelles argumentou que a reforma vai permitir a eliminação de privilégios já que, segundo ele, atualmente as pessoas de maior renda se aposentam mais cedo que aquelas com menor renda. Após o café da manhã, o relator Arthur Maia destacou quais pontos da reforma são ou não negociáveis.
Maia disse estar disposto a retirar do texto as mudanças previstas para a aposentadoria dos trabalhadores rurais e a previsão de tempo mínimo de 25 anos de contribuição para conseguir a aposentadoria -neste caso, continuaria valendo o tempo mínimo atual, de 15 anos. Entre os pontos que o relator diz não aceitar alterações está a regra de transição do atual sistema de aposentadoria para o novo.