Diariamente no trecho que vai do Acesso Norte até a entrada do bairro de Águas Claras, na BR-324, principal acesso para quem chega e sai de Salvador, forma-se longos congestionamentos nos finais de tarde e início da manhã que duram em média 30 minutos. Os engarrafamentos se refletem nos acessos ao Porto Seco Pirajá, Estrada de Campinas, acesso à Estação Pirajá e bairros de Pau da Lima e Castelo Branco.
Com um aumento progressivo na frota de veículos as principais vias de escoamento do tráfego permanecem boa parte do dia congestionadas. Por conta disso, Salvador é hoje considerada a terceira capital em congestionamentos de trânsito, conforme pesquisa recente feita pelo Aplicativo 99, empresa brasileira de mobilidade urbana fundada em 2012, que mostra que a capital baiana está atrás somente de Recife e Porto Alegre, respectivamente. As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro ocupam a quarta e quinta colocações, respectivamente.
Dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) revelam que a frota de veículos de Salvador mais que dobrou em 10 anos, passando de 477.402 veículos em 2007, para 959.448 em dezembro do ano passado. Hoje a capital baiana só perde em quantidade de veículos registrados para São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Fortaleza. Contudo, em Salvador parte dos veículos registrados em cidades da Região Metropolitana, como Camaçari, Lauro de Freitas e Simões Filho, circulam na capital, onde costumam residir seus proprietários.
Segundo a pesquisa, realizada em outubro do ano passado, feita com base no número de corridas de taxis usando o aplicativo 99, as viagens em Salvador nos horários de pico levam, em média 71% a mais de tempo do que aquelas em situação de tráfego livre. No ano passado, numa outra pesquisa, da Consultoria GPS e Telemetria TomTom, empresa holandesa líder mundial em start-up, criada em 1991, Salvador ocupava o 9º lugar.
Intervenções – Segundo o Denatran, em novembro do ano passado o Brasil tinha uma frota de 96.790.495 veículos. Em 2007 a frota era de 45.914.225. Na Bahia, de 3.947.974 veículos, 959.448 estavam registrados em Salvador. A capital baiana aparece como a sexta maior frota de veículos no Brasil e em dois anos, de 2015 a 2017, teve um acréscimo de 38.994 de novos veículos.
A Transalvador, autarquia municipal responsável pelo gerenciamento do trânsito na capital, diz que monitora em tempo real o tráfego de veículo pelas principais ruas e avenidas da cidade. Através do Núcleo de Operações Assistidas (NOA), não só identifica os principais pontos de congestionamentos, para intervenções imediatas, como utiliza as informações para planejamento do gerenciamento do trânsito.
Por meio de equipamentos, e mão de obra qualificada, o órgão diz que tem sido possível criar estruturas capazes de orientar, planejar e auxiliar o acompanhamento das ações do órgão.Em termos práticos, o núcleo de operações Na prática, o NOA faz a seleção dos pontos da cidade em que intervenções são mais necessárias, e de que forma devem ser as atuações e quantidade de agentes de trânsito e equipamentos. “Assim, permitiremos ações mais efetivas, atendendo com mais eficácia e maior mobilidade no trânsito da cidade,”, diz Fabrizzio Muller, superintendente da Transalvador.
A Transalvador destaca que algumas intervenções no sistema viário da cidade melhoraram a fluidez do trânsito e permitiram maior mobilidade urbana, diminuindo, por sua vez, os congestionamentos, a exemplo da região do Iguatemi, mas também na Baixa do fiscal, no Subúrbio Ferroviário, e na região de Cajazeiras, com obras de infraestrutura.
Em nota, a autarquia municipal destacou como uma das intervenções mais importantes a que foi realizada na região do Iguatemi. Ali, foram investidos
R$ 6,5 milhões , entre obras e aquisição de equipamentos modernos que permitem o sincronismo semafórico e controladores novos, com GPS para ajuste de hora, e GPRS, que possibilitam a comunicação entre as sinaleiras.
Já na Avenida Suburbana, foi implantado 10 retornos e sinalização, alargamento da via. Já em Cajazeiras, foi construída a ligação entre as Cajazeiras VIII e X com aproximadamente 700m de extensão, que reduziu o tempo de deslocamento, pondo um fim nos congestionamentos da região.
Novas avenidas minimizam problema
A implantação do metrô melhorou a forma de deslocamento da população de Salvador em dois eixos do sistema viário: o corredor da BR-324 em direção a Cajazeiras, e o corredor da Paralela, em direção ao Litoral Norte. Paralelo ao sistema de transportes, as estações de integração metrô-ônibus de Pituaçu, Acesso Norte e Retiro, retiram das ruas do centro parte da frota de ônibus intermunicipal e redirecionou várias linhas dos ônibus urbanos.
A cidade conta ainda com obras realizadas pelo Governo do Estado, algumas em andamento, como as avenidas 29 de Março e Gal Costa, que vão ligar a Orla à BR-324 e serão interligadas com o Subúrbio Ferroviário, criando um novo sistema de tráfego que tem como meta desafogar os atuais corredores de tráfego. Conforme a Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Sedur), o metrô se tornou a mais importante obra de mobilidade da capital.
A entrega do metrô veio acompanhada de obras que modificaram a infraestrutura viária do município, como o Complexo Viário Imbuí-Narandiba, além das chamadas Linha Azul e Linha Vermelha. Um trecho da Linha Azul, que vai ligar a orla de Salvador ao Subúrbio Ferroviário, entre a Avenida Pinto de Aguiar e a Avenida Gal Costa, com dois túneis, já está pronto . A obra tem investimento de R$ de R$ 647 milhões. Já a Linha Vermelha, com 20 quilômetros de extensão, vai ligar Paripe a Piatã e tem investimento de R$ 250 milhões.