domingo, 6 de novembro de 2011

Os baianos enxergam os erros dos outros mas não enxergam os seus, revela pesquisa

Fazer xixi ou jogar lixo na rua, ficar com a grana de alguém achada no chão e furar filas são deslizes de civilidade admitidos pela maioria dos moradores de Salvador. Mas, desde que o autor da “infração” seja sempre o outro. Foi este o resultado de uma pesquisa feita pelo Instituto Futura para o CORREIO, cujos números revelam o apego dos soteropolitanos ao velho dito popular do “faça o que digo, mas não o que faço”.
Para chegar à constatação, a Futura foi a campo entre 30 de agosto e 3 de setembro em 16 regiões da capital baiana. Ouviu 601 homens e mulheres, de todas as faixas etárias, graus de escolaridade e classes sociais. Em todos os cruzamentos, os dados indicaram a mesma direção.
“O resultado é que, de uma forma geral, percebe-se que os responsáveis por comportamentos sociais inadequados e, consequentemente por alguns problemas da cidade, estão sempre o mais longe possível do ‘eu’”, afirma o pesquisador Tyago Hoffmann, diretor técnico do instituto.
É o caso das respostas a um antigo comportamento dos baianos, criticado por dez entre dez turistas: espalhar urina em paredes, ruas e calçadas, muitas vezes sem se importar se a testemunha for uma criança de 7 anos ou uma senhora de 60. Quando indagados se acham que as pessoas urinam na rua, 95,8% dos entrevistados disseram que sim, e apenas 3,8% juraram de pés colados que os soteropolitanos procuram um banheiro ao sentir a bexiga apertada. Outros 72,4% garantiram ter alguém próximo chegado ao xixi de rua, mas 27% afirmaram que ninguém de suas cotas é ou já foi capaz de dar uma de cachorro em poste.No entanto, o mesmo contingente que reconhece a existência do mau hábito joga para o outro a culpa pelo cheiro de xixi que, volta e meia, é sentido nas esquinas de Salvador. É tanto que 65,6% dos entrevistados disseram nunca ter urinado na rua, contra 34,4% de mijões assumidos.
Neste caso, o único desvio de padrão entre os diversos grupos pesquisados ocorre por gênero: 58% dos homens admitiram que já urinaram na rua; só 14,7% das mulheres confessaram o mesmo comportamento.
Em relação a outro comportamento típico das grandes cidades – jogar lixo na rua -, 95% admitiram aos pesquisadores da Futura que os soteropolitanos, de uma forma geral, são incapazes de procurar uma lixeira quando querem descartar algo. Outros 5% asseguraram que os moradores da cidade não são os responsáveis pela montanha de detritos atirados ao léu, que desafiam diariamente os profissionais encarregados da limpeza.
O percentual cai para 86% de respostas positivas quando a pergunta é se o entrevistado tem alguém próximo que joga lixo no chão, contra 17,6% de negativas. Contudo, somente 34,1% reconheceram a própria culpa, contra 65,6% de pessoas que não sujam ou, o que é uma probabilidade, não admitem sujar as ruas. Neste caso, os mais sinceros - ou menos educados - foram os moradores da Liberdade, Boca do Rio, Cabula e Pau Lima, os quatro bairros, entre 16, com índice acima de 40%.

Fonte: correio24horas.com

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