quarta-feira, 30 de julho de 2014

Ataque israelense contra escola da ONU deixa ao menos 19 mortos

Crianças palestinas fotografadas debaixo da porta de uma loja onde estão abrigadas com sua família, na cidade de Gaza - 26/07/2014Muita fumaça é vista sobre Cidade de Gaza após um borbadeio israelense, em 29/07/2014. A única usina elétrica que ainda funcionava na região também foi bombardeada nesta manhã (29). Os conflitos que já passam de três semanas não apontam para um cessar-fogoSoldado israelense se refresca tomando um picolé sobre um tanque a caminho da Faixa de GazaPelo menos dezenove palestinos morreram e outros 50 ficaram feridos nesta quarta-feira em um bombardeio das Forças de Defesa de Israel (IDF, sigla em inglês) contra uma escola da Organização das Nações Unidas (ONU) no norte da Faixa de Gaza, informou o porta-voz do Ministério da Saúde no território palestino, Ashraf al Qedra. Segundo a rede britânica BBC, a ONU confirma que a escola foi mesmo atacada por foguetes israelenses. O porta-voz da ONU, Chris Gunness, disse que "o mundo está chocado" pelo ataque. Desde o início da ofensiva da Israel em Gaza, em 8 de julho, já a segunda vez que a ONU acusa Israel de bombardear uma de suas escolas.
Gunness disse à BBC que Israel tinha sido informada “dezessete vezes” que a escola no campo de refugiados Jabaliya estava abrigando os deslocados. “A última vez foi horas antes do ataque fatal”, disse ele. "Nossa avaliação inicial é que foi a artilharia israelense que atingiu a nossa escola”. Ele disse que havia "várias mortes", incluindo mulheres e crianças, acrescentando que o ataque causou "vergonha universal". Israel, que acusa o grupo militante Hamas de usar escolas como bases para lançar foguetes, ainda não comentou sobre o ataque à escola.
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Segundo a ONU, vários projéteis de artilharia atingiram a escola al Hussein, do campo de refugiados de Jabalya, onde famílias inteiras tinham se refugiado depois que foram obrigadas a sair de suas casas pelos bombardeios israelenses das últimas três semanas. O Exército de Israel não confirmou o ataque contra a escola da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA, sigla em inglês), apesar de ter reconhecido que dezenas de alvos foram bombardeados em Gaza durante a madrugada.
A Força Aérea e a artilharia israelense atacaram posições em toda a Faixa de Gaza, que ontem registrou o dia mais sangrento desde o início da operação Limite Protetor, com mais de 120 mortes. Na madrugada de hoje, segundo Qedra, morreram outros onze palestinos, entre eles três meninas, e mais de vinte ficaram feridos, além das vítimas no bombardeio contra a escola. Em um desses ataques, contra um edifício residencial na cidade de Khan Yunes, no sul do território palestino, morreram oito pessoas da mesma família. “O número de mortos desde o começo da guerra israelense contra Gaza, em 8 de julho, já chegou a 1.262, e os feridos somam mais de 7.000. Dois terços das vítimas são civis, entre eles mulheres e crianças”, disse o porta-voz. Entre os israelenses, 55 militares morreram.
O recrudescimento dos ataques israelenses coincide com as tentativas do Egito de conseguir um cessar-fogo na região após mais de vinte dias de enfrentamentos. Uma delegação do Hamas e outra da Autoridade Nacional Palestina (ANP) devem se reunir entre hoje e amanhã com representantes do governo egípcio para começar os esforços de pacificação, enquanto o Executivo israelense se reunirá hoje para analisar a proposta.
Foguetes escondidos – A ONU comunicou nesta terça-feira que encontrou um esconderijo de foguetes em uma de suas escolas na Faixa de Gaza. O porta-voz Chris Gunness condenou os responsáveis ​​por colocar civis em perigo armazenando os foguetes na escola, mas não culpou especificamente ninguém em particular. "Condenamos o grupo ou grupos que colocaram civis em perigo, escondendo essas munições em nossa escola. Esta é mais uma flagrante violação da neutralidade de nossas instalações. Apelamos a todas as partes em conflito que respeitem a inviolabilidade da propriedade da ONU", disse Gunness em um comunicado.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, expressou indignação na semana passada com a descoberta de vinte foguetes em uma escola vazia da agência e em outra escola uma semana antes. Gunness disse que a organização convocou um especialista em munições para eliminar os foguetes e garantir a segurança da escola, mas acrescentou que ele não pode acessar o local devido aos combates na área.

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