Foto: Reprodução
O único relato por escrito de um ex-escravo no Brasil, publicado em 1854 nos Estados Unidos, é traduzido por um pesquisador pernambucano, Bruno Véras. Segundo informações do jornal Diário de Pernambuco, o texto, An interesting narrative. Biography of Mahommah G. Baquaqua (Uma interessante narrativa. Biografia de Mahommah G. Baquaqua), contém detalhes da passagem do ex-cativo por Olinda (PE), antes de ser vendido para os EUA. Ele foi escravizado por um senhor que era padeiro (em Olinda) e brutalmente castigado. Trabalhou, como escreveu na autobiografia, na construção de casas, carregando pedras", conta Véras, que é historiador e consultor de estudos afro-brasileiros da Unesco. Mahommah era filho de um comerciante bem-sucedido da cidade de Djougou, no norte do Benin, na África. Ele foi trazido à força para o Brasil em 1845 – o tráfico de escravos era proibido desde 1831. "Chegamos a Pernambuco, América do Sul, de manhã cedo, e o navio ficou zanzando, sem lançar âncora. Ficamos sem comida e bebida o dia inteiro, e nos foi dado a entender que deveríamos permanecer em silêncio, sem clamor, senão nossas vidas estariam em perigo", relata Mahommad, sobre o fim da viagem de navio. Ao ser vendido para o Rio de Janeiro e depois para os EUA, trabalhou em uma fazenda de café em Nova York em 1846 até conseguir fugir. Entre 1847 a 1849, se refugiou no Haiti, mas ficou deslocado socialmente por não falar francês ou crioulo. Voltou a fugir para os EUA, para não ser alistado no Exército e se associa a uma rede Batista da Livre Vontade de viés abolicionista. Entre 1850 e 1853, passa a frequentar o Central College na cidade de MacGrawville, aprende o inglês e entra em contato por cartas com nomes destacados do abolicionismo norte-americano, como o reverendo William L. Judd. A pesquisa é apoiada pelo Ministério da Educação do Brasil (MEC) e pelo Consulado do Canadá, país para onde foi em 1854.
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