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Basta chover, e a frente da delegacia fica alagada. |
Caótica, estarrecedora, indecente e inacreditável, são alguns dos
termos que podemos utilizar para definir a situação em que se encontra a
estrutura física do Complexo Policial de Ipiaú. Quinze profissionais
ali desempenham suas funções cotidianas em condições de trabalho cada
vez mais precárias e indignas ao ser humano. O problema exige uma
intervenção urgente por parte do Governo do Estado que nos últimos oito
anos relegou o imóvel ao abandono, assim como desafia uma mobilização do
Sindipoc (Sindicato da Policia Civil da Bahia), no sentido de defender
os interesses dos seus filiados que ali estão lotados.
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Celas úmidas e cheias de limo. |
A Justiça já fez sua parte interditando o setor da custodia onde a
superpolução carcerária resultou na eclosão de uma rebelião que por
pouco não teve consequências de maior gravidade. Antes de serem
transferidos para outras unidades carcerárias da região os 33 presos
depredaram as celas, destruíram equipamentos, enfim deixaram um duro
recado ao descaso governamental que, entretanto continua insensível aos
problemas que se acumulam no prédio.
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Área de banho de sol dos presos. |
A reportagem do Giro percorreu as diversas dependências do Complexo
Policial de Ipiaú e ficou indignada com o que viu. Nas paredes as
manchas de infiltrações, limos, fissuras e descasque de pintura, somadas
aos pontos de mofo e fungos, formam um quadro dantesco. São indícios de
que as instalações hidráulicas estão altamente comprometidas, o mesmo
acontecendo com as instalações elétricas. Fiação desencapada e solta,
com grande quantidade de emendas, ausência de interruptores e outros
instrumentos de segurança, tornam iminente a possibilidade de curtos
circuitos, incêndios, ou mesmo outros acidentes. Não seria exagero dizer
que as pessoas que por ali transitam estão num autentico campo minado.
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Dormitório dos plantonistas. |
O local em que os funcionários de plantão fazem a refeição é uma
provocação à Vigilância Sanitária. Do mesmo modo são a cozinha, os
banheiros e demais espaços do imóvel. A geladeira utilizada pelos
plantonistas há muito tempo deveria ter sido descartada, tendo em vista
que sua fachada se encontra totalmente tomada pela ferrugem. O fogão se
mostra do mesmo jeito e boa parte do mobiliário está quebrada.
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Banheiros da unidade policial. |
A higiene do local fica a desejar. Apenas uma vez por semana
prepostos da Prefeitura Municipal, em atendimento a um convenio,
realizam varrição superficial. Faz muito tempo que o prédio foi
submetido a uma dedetização, fato que lhe torna propício à proliferação
de insetos e outros animais nocivos à saúde humana.
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Instalações elétricas dos banheiros. |
No pátio externo o matagal cobre as carcaças dos veículos
apreendidos ou acidentados. Assim, ao relento, as latarias acumulam
água de chuva tornando-se criadouros de larvas de mosquitos
transmissores da dengue a da chikungunya, além de ninhos de ratos que
infestam a área. Um esgoto correndo a céu aberto agrava ainda mais a
série de problemas.
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Sala de refeições dos plantonistas. |
Nos períodos chuvosos ocorrem alagamentos na área adjacente e no
próprio interior do prédio. As goteiras comprometem pastas de arquivos
dos cartórios, ampliam os incômodos dos funcionários. Na sala de
atendimento ao público não mais existe bebedouro, enquanto o sanitário
destinado aos visitantes também já não funciona. O aspecto do Complexo
Policial de Ipiaú, inaugurado no ano de 1985, pelo ex governador João
Durval Carneiro, é mesmo de decadência. Desde essa data nenhuma reforma
geral foi feita no prédio.
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Sala de atendimento ao público. (Foto:Giro em Ipiaú) |
Das salas onde são colocadas provisoriamente as pessoas detidas
recentemente, exala um odor fétito que se
espalha por todo o ambiente do
complexo, tornando-o bem mais insalubre. É algo assustador, medieval.
Em conclusão: o local não oferece o mínimo de dignidade e de condições
de trabalho aos servidores estaduais que ali permanecem, bem como aos
advogados e demais cidadãos que se dirigem ao imóvel com o intuito de
resolver alguma situação. É sem duvida, em termos de estrutura física,
uma das piores delegacias da Bahia.
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