Foi assim. De repente, quando a manhã já avançava em Paris, dois loucos terroristas invadiram um ícone da imprensa mundial, expressa pela melhor forma de comunicar a inteligência, através da sátira e do humor. Cruelmente, assassinaram 12 pessoas. Eles, sem nenhuma proteção, porque assim é a liberdade, discutiam, em reunião, a pauta do que o Charile Hebdo apresentaria na sua próxima edição a milhares de leitores espalhados em todo o mundo. A França inteira ficou abalada, assim como a democracia expressa na liberdade que o Charlie representava. Quase imediatamente, o mundo diante do choque impensável, cobriu-se de negro e sobre a cor do luto surgiram não se sabe de onde ou de quem, três palavras, apenas três: Je suis Charlie (Eu sou Charlie, em português). Bastavam. O impacto do terror doeu profundamente em forma de revolta, não só pelos 12 mortos, mas pela revista marcada pela sua notável trajetória. Principalmente, porque dentre os mortos, estava um dos maiores cartunistas do mundo, Georges Wolinski, no qual cartunistas espalhados em diversos países e de gerações diferentes se inspiravam. Dentre eles, gerações de sátiros brasileiros que se espelham na cultura francesa e no que acontece em Paris. Cartunistas que representavam a mais legítima expressão democrática da liberdade, para os quais o que importava era o humor satírico no qual revelavam o que acontecia mundo a fora, não importando religiões, deuses quaisquer que fossem, presidentes, partidos políticos, enfim, eram críticos adoradores da democracia na sua expressão maior. O que aconteceu no Charlie repercutiu no Brasil com intensidade, levando a presidente Dilma emitir uma nota de pesar, a mais doída e politicamente correta, na qual defende a liberdade de expressão na sua inteireza, porque está na liberdade da imprensa o cerne do sistema que permite ser livre. A nota de Dilma não trata somente do acontecido no interior do Charlie Hebdo, mas, nas suas entrelinhas, liberta o novo caminho que seu governo provavelmente deverá seguir, colocando um ponto final, espera-se, na tentativa de enodoar a liberdade democrática que a imprensa representa a partir da intransigência do PT que quer manipular a liberdade, com o projeto da regulação da imprensa. A regulação não passará. Não passará por cima do Congresso, porque todos os brasileiros que zelam pela liberdade democrática não têm outro caminho senão repetir o que está na boca do mundo: Je suis Hebdo, Je suis Charlie.
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