A frase do assessor reflete a perplexidade dos irmãos diante da reviravolta testemunhada nesta semana.
Eles tinham apostado na delação para escapar da prisão. Admitiram crimes de corrupção e tráfico de influência, entregaram comparsas e cúmplices, em troca da manutenção de sua liberdade e operacionalidade das empresas do grupo. Logo após a delação, embarcaram para o exterior ao lado da família.
Joesley se instalou em uma cobertura na 5ª Avenida em Nova York, e parecia seguro de que tinha feito a coisa certa: "Nós vamos fazer um serviço tão bem feito que não vão nem mais precisar chamar nós (sic)", disse ele ao diretor da JBS Ricardo Saud, em uma conversa descontraída sobre a delação.
O diálogo, que acabou gravado por engano e entregue ao Ministério Público, é agora a principal ameaça contra o plano do empresário. Joesley nunca teve tanto a explicar.
Além da possibilidade de perder os benefícios do acordo de delação premiada - e enfrentar pesadas denúncias do Ministério Público - o empresário pode ser afastado da direção da holding J&F.
O assunto deve ser decidido em uma assembleia de acionistas da empresa marcada para a semana que vem. Como se não bastasse, os delatores da JBS terão de comparecer ao Congresso para responder perguntas sobre os casos de corrupção.
Joesley tinha um depoimento marcado para a tarde de terça-feira. Deveria ir à Polícia Federal na Asa Sul, em Brasília, prestar depoimento sobre denúncias apuradas pela operação Bullish, que investiga possíveis fraudes e irregularidades em aportes concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entre 2007 e 2011.
Mas o empresário faltou: estava preocupado demais com uma declaração do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na noite anterior, ao informar à imprensa sobre a existência do polêmico diálogo entre os delatores, Janot disse que Joesley e Saud tinham omitido crimes ao fechar a delação premiada. E que, por isto, o acordo "provavelmente" seria revisto.
'Reserva mental'
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