domingo, 5 de novembro de 2017

Igreja foi usada para lavar dinheiro desviado de fundo

O empresário Paulo Roberto Gazani Júnior afirmou, em delação, que até uma igreja foi utilizada para mascarar suposto pagamento de propina para o ex-presidente do Postalis Alexej Predtchensky. A delação foi anexada às investigações da Operação Greenfield, que apura irregularidades em fundos de pensão. As fraudes alvo da Greenfield chegam a R$ 53,8 bilhões, segundo a Polícia Federal.
Conforme Gazani, foram repassados R$ 715 mil a Predtechensky por meio de uma falsa doação para a Associação Religiosa Igreja da Suprema Graça.
A operação para o pagamento foi organizada a partir de um negócio envolvendo o Banco Cruzeiro do Sul, que teve sua falência decretada em 2012. Gazani havia auxiliado o banco a estruturar um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios, com o objetivo de vender seus créditos consignados ao Postalis.
A propina, neste caso, teria sido acertada entre o delator e o próprio Predtechensky, na sala da presidência do Postalis, em Brasília. O valor definido na negociação representava 1,5% de comissão sobre o investimento a ser feito pelo fundo de pensão no banco que viria a falir.
A forma de pagamento foi negociada com outro intermediário, identificado como Marcos Glikas. Foi este contato quem indicou que a propina seria paga por meio de uma doação à Igreja da Suprema Graça. 
Glikas já foi alvo de duas grandes ações da PF. Em 2015, na Operação Porto Victoria, foi investigado por movimentação de cerca de R$ 3 bilhões em transações fictícias de comércio exterior e fuga de capitais da Venezuela. Em 2004, Glikas foi preso na Operação Kimberley contra contrabandistas de pedras preciosas do Brasil.
Transferências
De acordo com Gazani, os valores foram transferidos entre junho e julho de 2011 por meio de duas Transferências Eletrônicas Disponíveis (TEDs). A instituição religiosa chegou a oferecer até um recibo ao delator como prova da transferência. O comprovante está com investigadores.

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