terça-feira, 14 de abril de 2020

ECONOMIA: Comércio informal e autônomos no malabarismo da pandemia


(foto: Rani de Mendonça\Brasil de Fato)

Alberto Magnaboschi – Campinas\SP

Trabalhadores autônomos e informais, atravessam a crise da pandemia da COVID-19, com incertezas e muita determinação. Na semana passada, após pressão da sociedade civil e do Senado Federal; o Governo libera as formas de pagamento do Auxílio Emergencial de R$600 aos informais e autônomos inscritos no cadastro único. Uma parte dos trabalhadores, já inscritos começam a sacar os valores essa semana e outros ainda aguardam liberação dos valores.

Especialistas afirmam, que antes da pandemia o Brasil tinha uma taxa de desemprego que era muito alta e a média dos informais chegava até 41%. A estimativa após a pandemia, é que esse número aumente e que muito mais gente busque a informalidade, diante as demissões que ocorrerão inevitavelmente; e outros procurem uma condição de trabalho precária para que continuem mantendo uma renda fixa.

Alguns trabalhadores, vão equilibrando as contas familiares como pode, desde que a saúde da família esteja assegurada. Alguns se adaptam e outros tentam buscar formas de continuar produzindo diante a pandemia e o isolamento social.

(foto: Arquivo familiar\Família Queiróz)


Em entrevista exclusiva à nossa reportagem; falamos com Aureliana Queiróz de Guaíba\RS, Designer de Unhas que possui um Stúdio na sala de casa, mas que também atende em domicílio. Segundo ela, após a determinação de isolamento social seu faturamento despencou, pois não pode atender em casa devido ao medo do contágio pelas filhas e o marido; e também não está indo ao domicílio das clientes. Em tempos normais, seu faturamento era de R$900 em média com seus serviços; hoje o marido que possui uma oficina mecânica também em casa, continua recebendo serviços para que possa manter a renda da família. Aureliana sabe das medidas de ajuda do Governo Federal como Bolsa Família e Auxílio Emergencial, mas prefere não participar dos projetos para que outras pessoas com situações mais difíceis possam ser beneficiadas. A família Queiroz se mantém em isolamento social mesmo que de maneira parcial, pois teme pela contaminação da COVID-19 que afeta o mundo. Eles lembram do caso de um amigo, espanhol que está com a mãe internada em um hospital na Espanha com o Coronavírus e que toma todos os cuidados com o marido que ainda se mantêm trabalhando no quintal de casa.

(foto: Arquivo familiar\Família Carvalho)


Outra empreendedora informal; Emília Carvalho de Fortaleza\CE, Farmacêutica de formação, faz Bolos e Tortas em casa e vende principalmente na vizinhança e pelas Redes Sociais. Emília foi contratada meio período por uma Farmácia bem no início da pandemia; o que atrapalhou a abertura da Farmácia que não se encontrava com o alvará de funcionamento ainda, mas que mantêm Emília contratada em casa com os pagamentos em dia. Ela diz, que o isolamento social aumentou os pedidos de encomendas de bolos e tortas, pois muitas lanchonetes permanecem fechadas e as famílias precisam de alimentar de alguma maneira. Emília, que em tempos normais tinha uma média de R$800 com encomendas, disse ter aumentado satisfatoriamente para ela, que é solteira e não tem filhos. Emília afirma, que é a favor do isolamento social, não pelo aumento de suas encomendas, mas pela saúde da população. As entregas de seus bolos, é combinado pelas redes socias, e pode ser feito por um motoboy ou o cliente retira rapidamente na casa dela, sempre com as medidas de segurança reforçados. Ela afirma não ter o perfil para solicitar Auxílio Emergencial, e acredita que existam pessoas em situações muito mais difíceis. Disse não ter conhecidos ou parentes doentes, mas que sabe do poder letal da doença e que a população deve se manter em isolamento. Emília finaliza nossa entrevista, afirmando reconhecer as medidas tomadas pelo Governo em auxiliar os trabalhadores autônomos, mas que o Governo em si não detém políticas públicas que insiram de forma eficiente os mais pobres e favoreçam uma rede de saúde, educação e cidadania abrangente a todos.

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