sexta-feira, 16 de abril de 2021

A estrutura de recuperação da economia brasileira em 2021


Nesse artigo, você vai entender o cenário econômico do país e a previsão de retomada para indústrias, comércio e serviços.

A pergunta que estamos nos fazendo agora é: como será a economia de nosso País em 2021? O ano de 2020 foi ruim por conta da pandemia, mas não tão ruim quanto imaginávamos no início do ano (previsões de queda de mais de 9%, contra queda de “apenas” 4,1% no final do ano). Mas, no ano passado, tivemos injeção de quase R$ 250 bilhões via auxílio emergencial, sem contar os programas emergenciais de empregos e de crédito, com foco na manutenção de empresas e renda.

Para fazer a análise do que esperar para 2021, precisamos considerar que não teremos espaço fiscal para fazer as mesmas injeções de recursos. O crescimento econômico, então, depende praticamente na sua totalidade da aceleração da vacinação, por meio do Plano Nacional de Imunização (PNI). 

Qualquer outro tema é secundário na previsão econômica deste ano. Sem vacina para todos não teremos tração nem no comércio e nem nos serviços, mesmo com a retomada de funcionamento dos estabelecimentos, sempre sujeitos a medidas locais de restrição conforme avanço dos níveis de contaminação pelo novo coronavírus. Estaremos fadados a um resultado tão ruim ou até pior do que o de 2020. Para evitar esse cenário, a ampla vacinação da população se faz imprescindível para que a economia retome, garantindo que empresas possam abrir e permanecer abertas.

Crise econômica
Com base nisso, temos um cenário ainda fraco com a tímida recuperação para o primeiro semestre desse ano. Apesar dos números de emprego do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) se mostrarem positivos, o aumento necessário dos juros pelo Banco Central (Bacen) e o limite imposto pela condição fiscal do governo, deve pintar um primeiro semestre não dinâmico. Devemos lembrar, também, que o Caged padece de limitações na sua base de comparação por ter mudado a sua metodologia.

A indústria, por exemplo, que mostrou número positivo em relação a fevereiro de 2020, ainda está recuperando estoque. Há, ainda, o efeito do auxílio emergencial, que deve ser reduzido, dado que não representa nem 20% do valor disponibilizado em 2020. Devemos sentir uma retração na indústria entre março e abril. 

Comércio e serviços estão sendo duramente castigados com o efeito das restrições. O varejo paulista, por exemplo, mesmo com a injeção de R$ 1,54 bilhão do auxílio emergencial destinado ao consumo das famílias, previsto a partir de abril, a provável manutenção das medidas de restrição de circulação de pessoas, de funcionamento de lojas e de fechamento de atividades não essenciais fará com que o setor feche o mês que vem com um faturamento 3% menor do que abril de 2020 – que, à época no auge da primeira onda de covid-19, registrara retração recorde de 23%.  Só no ano passado a perda foi de R$ 24 bilhões nas vendas apenas das atividades varejistas restringidas, fora prejuízos de demais setores, como os serviços e o turismo, segundo os estudos da FecomercioSP.

Recuperação
Pelo cronograma da vacina e pelos números econômicos, a recuperação deve iniciar-se somente no segundo semestre. Devemos nos preparar para um ano desafiador, que dificilmente atingirá os 3,5% de crescimento projetados inicialmente pelo setor privado e pelo governo. 

Nesse contexto é importante que o governo reforce nova rodada de medidas de flexibilização trabalhista; a liberação do auxílio emergencial, com valores pertinentes para a sociedade em geral; a criação do auxílio emergencial destinado às pequenas empresas; a reedição do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) ; e melhores condições de parcelamento e carência no pagamento de tributos municipais, estaduais e federais vencidos de abril até junho deste ano. 

Além das medidas para garantir uma retomada econômica, é importante olhar com urgência para a reconstrução do País, com uma estratégia organizada de todos os níveis de governo para tentar diminuir o tempo que esse cenário mais pessimista venha a ocorrer. Medidas duras são necessárias e apoio dos governos para as empresas e cidadãos são essenciais agora. Se houver uma estratégia fiscal bem definida para a defesa contra a pandemia e outra estratégia para ajuste logo depois disso, os mercados entenderão de uma forma mais tranquila do que uma incerteza fiscal permanente.


Escrito Por
ANDRÉ SACCONATO

Economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e membro do Conselho de Economia Empresarial e Política da mesma instituição. PhD em Economia, Relações Governamentais e Ambiente de negócios, também é professor do MBA da FIA-USP





(Foto: Reprodução Google)

João Oliveira, Wenceslau Guimarães - BAHIA





Fonte: Contábeis

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