Usuários de cocaína podem em breve ganhar um importante aliado no combate à dependência química da droga. Pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) começaram a desenvolver uma vacina contra o vício no entorpecente. O estudo, realizado há mais de um ano, testa uma substância não revelada que induziria a pessoa a produzir anticorpos contra a cocaína. Até o momento, os testes foram feitos em camundongos, mas os resultados ainda não foram divulgados. Os testes em humanos estão previstos para começar no início de 2017. De acordo com Ângelo de Fátima, do departamento de Química Orgânica da UFMG, um dos responsáveis pela pesquisa, trata-se de uma estratégia promissora para o tratamento. “Esses anticorpos capturam a cocaína, impedindo ela de chegar ao cérebro e reduzem os efeitos da droga, como a euforia, levando o usuário a perder interesse no seu consumo”, explica o professor. Ainda segundo Ângelo, há pesquisas nesse mesmo sentido nos Estados Unidos, porém com princípios ativos diferentes.
“Nossa molécula é distinta da norte-americana. A nossa carece da parte protéica”, declarou o professor sem dar detalhes sobre a substância, ainda pendente de registro de patente. Dados da pesquisa Conhecer e Cuidar, da Faculdade de Medicina da UFMG, de 2015, revelam que o consumo de drogas como maconha e cocaína em Belo Horizonte vêm superando os indicadores do país. A cada 100 belo-horizontinos, 16 enfrentam problemas ligados à dependência química. Destes, 303 mil consomem bebidas alcoólicas, 69,7 mil usam maconha, 29,8 mil cocaína e 4,9 mil dependentes do crack. Segundo o Centro de Referência de Álcool e Drogas, ligado ao governo estadual, o número de atendimentos a dependentes caiu em relação aos últimos dois anos. Em 2014, foram 155 mil atendimentos, enquanto em 2015, 70 mil. De janeiro a agosto deste ano, 45 mil pessoas foram atendidas no Estado.