O número de feridos após os confrontos com a polícia neste domingo (1º) na Catalunha, na Espanha, subiu para 348 disseram autoridades locais. Entre as vítimas estão 337 civis, 9 agentes da polícia e 2 da guarda civil.
Seguindo uma determinação da Justiça espanhola, agentes das duas forças invadiram diversos colégios eleitorais espalhados pela região e apreenderam urnas usadas na votação.
Em colégios de Barcelona e Girona, as pessoas se colocaram na entrada para tentar barrar os policiais ou se deitaram no chão, impondo uma resistência pacífica, mas foram retiradas à força.
Os agentes, alguns com armamento pesado, saíam com as urnas sob os gritos de "votaremos".
Além disso, a Guarda Civil cortou a conexão de internet em diversos colégios eleitorais para impedir a realização do plebiscito. As ações começaram após os Mossos d'Esquadra, nome da força policial da Catalunha, terem se recusado a apreender urnas e outros materiais eleitorais, como havia sido ordenado pela Justiça da Espanha.
Os agentes catalães se limitaram a contar as pessoas presentes e a fazer controles de segurança, para depois ir embora, sob os aplausos dos cidadãos. "Fomos obrigados a fazer aquilo que não queríamos", declarou o delegado do governo espanhol na comunidade autônoma, Enric Millo, justificando a intervenção da Guarda Civil e da Polícia Nacional e acusando os Mossos de colocarem critérios "políticos" acima dos "profissionais".
Um dos colégios invadidos foi aquele onde votaria o presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, em Girona, mas o líder acabou indo para outra seção eleitoral por causa da operação policial.
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Durante a manhã, o porta-voz do governo catalão, Jordi Turull, já havia anunciado que os cidadãos poderiam votar em qualquer lugar.
"Todas as pessoas podem votar em qualquer escola, apresentando passaporte ou carta de identidade. Foi implantado um sistema para garantir que uma pessoa vote apenas uma vez", declarou. Ele também disse que, apesar das ações da Espanha, 73% dos colégios seguem abertos.
Reações
As operações da Guarda Civil e da Polícia Nacional provocaram reações furiosas na Catalunha, que acusa a Espanha de ser um Estado "autoritário". O próprio Turull disse que uma repressão assim não era vista "desde os tempos do franquismo", quando a língua e a cultura regionais sofreram severas restrições.
Já Puigdemont afirmou que a "brutalidade injustificada" contra os eleitores catalães acompanhará Madri "para sempre". "Hoje o Estado espanhol perdeu muito mais do que já havia perdido. Hoje, na Catalunha, já vencemos muito mais do que havíamos vencido", acrescentou. Por sua vez, a prefeita de Barcelona, Ada Colau, usou o Twitter para chamar o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, de "covarde". "Ele inundou nossa cidade de policiais. Barcelona, cidade de paz, não tem medo", reforçou.
O zagueiro do Barcelona Gerard Piqué, ícone do movimento nacionalista catalão, compareceu a um colégio eleitoral e disse que a repressão contra o plebiscito é "uma vergonha". "As imagens falam por si", disse.
Pelo menos 337 pessoas ficaram feridas após confrontos entre a polícia e manifestantes no dia da votação que pode tornar a Catalunha independente da Espanha, disse o porta-voz do governo Jordi Turull i Negre. O dia começou tenso com a invasão de locais de votação, apreensão de urnas, disparos de balas de borracha, golpes de cassetete e muita correria.
Veja a seguir mais imagens do dia de votação