O cientista político e professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Mauricio Ferreira Silva, avaliou que a decisão do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, de desistir da candidatura a presidente da República não gera grandes impactos no processo eleitoral brasileiro, já que o magistrado aposentado nunca foi efetivamente um postulante ao Palácio do Planalto.
No mês passado, Barbosa se filiou ao PSB e passou a ser cogitado na imprensa nacional como um nome para a Presidência. “Mas ele nunca foi candidato. Fizeram ele candidato durante um tempo. O utilizaram como um possível candidato. O colaram nas pesquisas. Do ponto de vista dele, ele nunca foi candidato. Ele nunca se declarou candidato. Ou fez qualquer menção a isso em eventos públicos. Então, ele não sai com imagem negativa ou arranhada ou qualquer coisa do tipo por ter desistido das eleições. Ele não entrou nas eleições. Ele demonstrou sempre uma condição apolítica e apartidária. Não há impacto no processo eleitoral o fato dele não ser candidato. Em hipótese nenhuma”, ressaltou o especialista, em entrevista à Tribuna.
Pesquisa Datafolha divulgada, no mês passado, apontou que o magistrado aposentado tinha 10% das intenções de votos. Para Maurício Ferreira Silva, o eleitorado do socialista mudará de candidato sem resistência. “Aqueles que manifestavam possível apoio a ele não necessariamente deixavam de votar em outros candidatos por conta disso. Até porque, ele nunca foi candidato efetivo. Ele não representa efetivamente uma das forças políticas do país. Não representa uma classe ou grupo dirigente. Ele simplesmente teve um papel no Judiciário”, frisou. Pré-candidato a presidente pelo PDT, o ex-ministro Ciro Gomes acredita que o PSB pode apoiá-lo após a decisão de Joaquim Barbosa. Segundo o pedetista, "o PSB sempre esteve e sempre estará na minha cogitação". Ciro afirmou que o partido "está em um esforço notável para voltar para sua melhor tradição de um partido socialista nacional comprometido com os interesses da classe trabalhadora".
No entendimento do cientista político, o impacto da desistência de Joaquim Barbosa é menor ainda na Bahia. “É praticamente nulo. Não vejo esse impacto. É um impacto bem diminuto”, ponderou. Presidente do PSB na Bahia, a senadora Lídice da Mata evitou discutir mais profundamente a decisão do ex-ministro do STF. Disse apenas que a candidatura do magistrado aposentado “ainda não estava plenamente discutida internamente no partido”. A congressista mostrava resistência ao nome dele pelo fato de não ser oriundo do campo político.