Uma combinação ideologicamente improvável foi identificada pelo Datafolha, que divulgou no início do mês mais uma pesquisa de intenção de voto para a eleição presidencial de 2018: o voto “Lulanaro” ou “BolsoLula” — o eleitor de Lula que votaria em Bolsonaro e vice-versa. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera em todos os cenários apresentados pela pesquisa, com até 36%. Nas simulações em que ele não aparece, 6% dos seus apoiadores afirmam que escolheriam o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). No sentido contrário, a migração é maior: até 13% dos eleitores que votariam no parlamentar (sem Lula na disputa) responderam que apoiariam o petista caso ele estivesse no páreo.
“Existem eleitores que, diante do cenário de muita corrupção, crise econômica, se tornam mais pragmáticos. Vão olhar aquele que vai resolver a situação de forma como ele entende mais rápida e eficiente, independentemente da corrente política”, analisa o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino.
De modo geral, os perfis dos eleitores médios de cada um são opostos. Lula tem mais apoio entre os menos escolarizados e com renda mais baixa; já Bolsonaro tem seu melhor desempenho nas faixas de renda mais altas e entre os mais escolarizados. Para Paulino, a busca por uma solução imediata faz com que determinada parcela do eleitorado tenha escolhas que, numa análise ideológica, seriam inconciliáveis:
“Acho que isso hoje é preponderante. O eleitor não está preocupado se (o candidato) é de direita ou esquerda, se defende pena de morte ou não, mas preocupado em ter de volta as conquistas que perdeu. No caso dos eleitores do Lula, têm saudade do tempo em que as coisas andavam melhor e eram associadas ao governo dele. Mas, se ele (Lula) não puder ser candidato, podem até votar no Bolsonaro, desde que se convençam de que o Bolsonaro pode resolver os problemas, como a violência, por exemplo”.
O sociólogo Paulo Baía, professor da UFRJ, afirma que existe um recorte do eleitorado que escolhe seu candidato mais por razões emocionais. Informações de O Globo.
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