quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Torquato Jardim acusa políticos de se associarem ao crime no Rio


O ministro da Justiça, Torquato Jardim, acusou políticos e comandantes de batalhões de se associarem ao crime organizado no Rio de Janeiro e disse que "a milícia tomou conta do narcotráfico". No cargo há apenas cinco meses, Torquato também afirmou que o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e o secretário de Segurança Pública, Roberto Sá, não têm controle sobre a Polícia Militar.  
"Todo mundo sabe que o comando da PM no Rio é acertado com deputado estadual e o crime organizado", disse ele, em conversa com jornalistas, sem citar nomes de possíveis envolvidos. "Comandantes de batalhão são sócios do crime organizado no Rio." Para Torquato, o assassinato do tenente-coronel Luiz Gustavo Lima Teixeira, no dia 26, foi uma retaliação. Comandante do 3° Batalhão da Polícia Militar do Rio, Teixeira, de 48 anos, foi executado a tiros no Méier, na zona norte. Foi o 111º policial morto neste ano no Estado.
"Nada me tira da cabeça de que aquilo foi um acerto de contas", afirmou o ministro da Justiça. Na tentativa de comprovar sua suspeita, Torquato disse ter chamado a atenção sobre detalhes do crime em recente encontro com Pezão e Sá. "Ninguém assalta dando dezenas de tiros para cima de um coronel à paisana, num carro descaracterizado. O motorista era um sargento da confiança dele."
Teixeira, na realidade, vestia farda. Quem estava à paisana era o cabo Nei Filho, que dirigia o carro. A versão oficial, divulgada até agora, é a de que houve reação a uma tentativa de assalto iniciada por quatro pessoas. A polícia prendeu um suspeito de envolvimento no assassinato. Torquato disse ter certeza de que a situação no Rio vai melhorar com o apoio do governo federal e uma "interface" com as Forças Armadas. "Podem me cobrar no fim de 2018", comentou. "Mas a virada da curva ficará para 2019, com outro presidente e outro governador. Com o atual governo do Rio não será possível. Já tivemos ali conversas duríssimas. Não tem comando." 
No seu diagnóstico, a campanha eleitoral de 2018 será dominada por dois grandes temas: economia e segurança pública. "A segurança já passou a saúde", observou Torquato. À vontade ao falar sobre os desafios da pasta, o titular da Justiça anunciou que a Polícia Federal terá agora uma Diretoria de Tecnologia para também cuidar da segurança e aprimorar o trabalho de inteligência, especialmente nas fronteiras. "Sem impacto no orçamento", disse ele, ao lembrar, por exemplo, que "drones" são muito caros

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