segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Lula divide eleitorado em três grandes grupos

O julgamento do ex-presidente Lula em janeiro de 2018 lança ainda mais incertezas sobre o cenário político do próximo ano. Como o Data folha tem mostrado em suas últimas pesquisas, o ex-presidente divide o Brasil –lidera as intenções de voto para presidente como também é um dos nomes mais rejeitados pelos eleitores do país. Quando não está na disputa, o índice dos que pretendem votar em branco ou anular cresce em pelo menos dez pontos percentuais. Como cabo eleitoral, consegue mobilizar metade dos brasileiros, que acenam com a possibilidade real de votar em um candidato indicado pelo petista.
Mas, com tantos vetores em jogo, até que ponto Lula conseguiria manter seu apelo eleitoral e o potencial de influência para transferência de votos, diante de um possível revés jurídico no julgamento do próximo mês? O grau de cristalização de sua imagem junto à opinião pública é forte o suficiente para garantir-lhe protagonismo na eleição, mesmo sem concorrer? Em uma análise combinatória de quatro variáveis –intenções de voto no primeiro e segundo turnos, rejeição ao petista e a força de Lula como cabo eleitoral–, o Datafolha identificou um país dividido não em dois, como sugerem os dados isoladamente, mas em três grandes grupos.
O primeiro, classificado como "Pró-Lula", agrega 38% do eleitorado e é composto por entusiastas do ex-presidente. Votam no petista em alguma situação, tanto no primeiro quanto no segundo turno, não o rejeitam em hipótese alguma e se dizem dispostos a eleger um candidato apoiado por ele. No conjunto, há maior participação de mulheres, negros acima da média, moradores do Nordeste, com renda e escolaridade mais baixas. Fiel ao ex-presidente, quase a totalidade diz que votaria em um candidato apoiado por ele, mas quando Lula não está na disputa, a maior parte migra para brancos e nulos –a taxa correspondente nesse segmento cresce mais de 30 pontos percentuais.
Isso porque o eleitor não identifica substitutos do petista –a maioria do estrato não conhece Fernando Haddad, considerado Plano B pelo PT. Reprovam Michel Temer acima da média, estão mais pessimistas em relação à economia e são os que mais citam o desemprego como principal problema do país. O segundo grupo, batizado de "Anti-Lula", soma 31% do eleitorado. Está presente com mais frequência nas regiões Sul e Sudeste. A maioria é do sexo masculino, tem pele branca, idade e renda familiar mensal acima da média da população. Todos os integrantes desse estrato rejeitam completamente o petista e qualquer candidato apoiado por ele.

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