No início da manhã desta segunda-feira, 3, a estudante Jéssica França, 24, levou a filha Laura, com nove dias de nascida, ao Ambulatório Docente Assistencial (Adab) da Escola Bahiana de Medicina, em Brotas, para o primeiro exame oftalmológico: o teste do olhinho.
O teste permite o diagnóstico precoce de catarata, glaucoma congênito, opacidades, tumores, inflamações, hemorragias e outras doenças.
Cerca de 100 bebês entre 0 e três meses foram examinados no primeiro dos mutirões que integram as ações da 2ª Semana do Bebê Soteropolitano - o outro será quinta-feira, 6.
Também chamado teste do reflexo vermelho, o procedimento visa detectar doenças visuais ainda na fase inicial.Dura em média cinco minutos, é indolor e feito por meio do aparelho oftalmoscópio, que focaliza uma luz em cada olho do bebê, a uma distância de 30 centímetros.
Se a luz for contínua, indica que o olho é sadio; se for descontínua, sinaliza uma doença congênita. Segundo a oftalmologista Christine Sampaio, que realizou os testes nesta segunda, a identificação precoce de qualquer alteração pode possibilitar o tratamento no tempo certo e o desenvolvimento normal da visão.
"Caso seja observada alguma mancha na superfície do olho, há algum tipo de alteração, desde inflamação simples a um problema sério, como glaucoma congênito, que, sem tratamento adequado, pode cegar", disse.
Tratamento
Recomendado para ser feito logo que o bebê nasça, o exame também pode ser feito na primeira consulta de acompanhamento.
Caso seja detectada alteração, os pais são orientados a procurar o serviço de saúde mais próximo para iniciar o tratamento. Conforme Christine, a ocorrência de doenças oftalmológicas graves em recém-nascidos na Bahia, sobretudo as que cegam, é pequena: "Em poucas situações o bebê é encaminhado para cirurgia. Menores ainda são os problemas que podem gerar cegueira irreversível".
A profissional acredita que o estado dispõe de uma cobertura oftalmológica eficiente para tratar casos detectados ainda na infância.
"SUS e particulares oferecem cobertura eficiente no tratamento de glaucoma, catarata e outras doenças detectadas em crianças de 0 a três meses. O tratamento é facilitado nessa faixa de idade", disse a médica.
Obrigatoriedade
O teste da pequena Laura não durou nem dois minutos e deixou a mãe, o pai e a tia do bebê, que a acompanhavam na consulta, aliviados. "No dia em que ela nasceu não havia oftalmologista de plantão na maternidade, por isso não foi possível fazer. Vim assim que pude e estou feliz em saber que está tudo bem", disse Jéssica França.
O teste do olhinho é obrigatório, por lei, em vários estados desde 2010. A Agência Nacional de Saúde Suplementar fixou que deve ser oferecido por todos os planos.
Também é feito nas cidades da Rede Cegonha (SUS), ainda que menos de 50% dos municípios no país estejam na rede. A médica Christine Sampaio diz que deve ser realizado em consultas regulares, com periodicidade definida pelo oftalmologista.