O ex-ministro do governo Temer, Geddel Vieira Lima, do PMDB, voltou a chorar, num depoimento à Polícia Federal.
Geddel foi preso novamente depois que peritos encontraram digitais dele nos R$ 51 milhões apreendidos em um apartamento de Salvador.
O lugar reservado para um dos ex-ministros mais importantes do governo Temer foi na mesma cela em que ele já tinha ficado em julho. Depois de 58 dias de prisão domiciliar, Geddel Vieira Lima voltou para a Penitenciária da Papuda.
A cela fica numa área para presos com nível superior. Mais nove presos estão com o ex-ministro. A cela tem três treliches, vaso sanitário e chuveiro elétrico.
Da primeira vez que Geddel foi preso o motivo foi obstrução de justiça – o Ministério Público denunciou Geddel por suspeita de pressionar o doleiro Lúcio Funaro para que não fizesse um acordo de delação premiada. Agora, a prisão preventiva foi decretada para evitar destruição de provas.
Os mais de R$ 51 milhões escondidos em malas em um apartamento em um prédio em Salvador também justificaram a prisão. De acordo com a Justiça, ele e Gustavo Ferraz - aliado de Geddel que também está preso na Papuda em outra cela – são suspeitos de cometer crime de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Uma cena que ocorreu na audiência que decidiu manter Geddel preso, em julho, se repetiu.
Quando chegou a Brasília, antes de ir para a papuda, Geddel foi levado para a superintendência da Polícia Federal. E quando foi interrogado, de acordo com fontes ligadas à investigação, ele chorou muito e perguntou várias vezes se o dono da JBS, Joesley Batista, seria preso.
Uma das provas que mais pesaram contra Geddel e Gustavo Ferraz foi o resultado do trabalho da perícia da Polícia Federal que aplicou reagentes nas caixas, malas, sacos plásticos e notas de dinheiro encontrados na terça-feira. Eles revelaram fragmentos das impressões digitais da mão esquerda de Geddel e da mão direita de Gustavo Ferraz.
A Polícia Federal não divulgou o que foi apreendido na sexta (8) no apartamento do ex-ministro e da mãe dele. Não há um prazo para conclusão de análise desse material e da perícia.
O juiz Vallisney de Oliveira, que decretou a prisão, deu um prazo de 20 dias para que a polícia faça cópias de todas as mídias apreendidas e autorizou a quebra dos sigilos telefônico, de mensagens, bancários e fiscais.
Geddel foi ministro no governo Lula, vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal no governo Dilma, e ministro da Secretaria de Governo do presidente Michel Temer.
Deixou o palácio do Planalto, em novembro do ano passado, depois que o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, revelou que estava sendo pressionado por Geddel para que o Iphan liberasse a construção de um prédio em área histórica, em Salvador, onde ele, Geddel, tinha comprado apartamento.
Na época, líderes e vice-líderes do governo Temer e de partidos aliados fizeram um manifesto de apoio a Geddel. Divulgaram uma carta elogiando o trabalho do ex-ministro. O texto lembrava que Geddel tinha cinco mandatos como Deputado Federal e demonstrava conhecimento e a destreza necessários para realizar a articulação política do governo. Vinte e sete líderes aliados de Temer assinaram a carta.
A defesa de Geddel não quis se manifestar.