Foto: Divulgação / UNFCCC
Faltando exatamente um mês para o início da Conferência de Paris, a
Convenção do Clima da Organização das Nações Unidas (UNFCCC) divulgou
nesta sexta-feira (30), em Berlim, um relatório analisando as
contribuições que a maior parte dos países do mundo apresentou para
reduzir o problema das mudanças climáticas. Em linhas gerais, se o mundo
cumprir o que está prometendo, vai conseguir evitar um futuro
dramático. Mas ainda estamos longe de ficar abaixo dos 2°C - limite
considerado seguro. Os cálculos indicam avanço de 2,7°C até 2100. O tom
relativamente otimista do relatório faz certo sentido. É a primeira vez
que tantas nações se comprometem a tomar ações para reduzir as emissões
de gases de efeito estufa e, assim, tentar frear o aquecimento global.
Até 1.º de outubro, 146 países apresentaram as chamadas INDCs (conjunto
de compromissos). Juntos, respondem por 86% das emissões de gases de
efeito estufa do planeta. De acordo com a análise feita pela UNFCCC,
considerando o agregado das propostas - e que todas sejam plenamente
cumpridas -, em 2030 o mundo poderá ter deixado de emitir 4
gigatoneladas (Gt) de carbono. Com essas ações, a média de emissões per
capita também cairá 9% até aquele ano. A análise não mediu o que isso
significaria em termos de temperatura, mas, durante coletiva à imprensa,
a secretária executiva da convenção, Christiana Figueres, disse que a
estimativa bate com outra feita pela Agência Internacional de Energia
(IEA), que chegou a números próximos a esses de 4 Gt e daí extrapolou
que o aumento da temperatura pode ficar em cerca de 2,7°C até o fim do
século. "É muito boa notícia. Sem as INDCs estaríamos no caminho de 4°C
ou 5°C. Mas ficar abaixo de 3°C é diferente de ficar abaixo de 2°C. É um
passo notável, mas ainda não é suficiente", alertou. "É uma mensagem
positiva com um porém", afirmou Jochen Flasbarth, ministro do Meio
Ambiente da Alemanha, que também participou da coletiva. "É essencial
ver os dois lados da moeda. Isso prova que os países podem fazer a
diferença, mas ainda não estamos onde deveríamos estar. E não vamos
aceitar algo acima de 2°C."
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