quarta-feira, 30 de março de 2016

No Entorno, jovem e negro são mais vulneráveis a violência

Andre Violatti/CB/D.A Press

O serralheiro Dilson Barbosa dos Santos nasceu às 5h de 3 de março de 1959. Às 5h de 3 de março de 1993, era vez de o filho Adilson Barbosa dos Santos chegar ao mundo. “Está marcado no registro dele e no meu também.” A coincidência no calendário familiar deixou de ser comemorada há dois anos, quando Adilson, 20 anos, foi assassinado com seis tiros em frente a uma lanchonete de Águas Lindas (GO). O crime, de acordo com a Polícia Civil de Goiás, teria sido motivado por ciúmes: o acusado acreditava que o jovem estava dando em cima da namorada dele.

“Para você ter ideia de como minha vida mudou: primeiro, mataram meu menino. Em um mês, meu pai morreu. Depois de quatro dias, morreu meu irmão caçula. E, com três meses, minha mulher morreu de AVC”, conta um resignado Dilson. Antes um religioso ferrenho, ele garante que a injustiça sentida pela morte do filho fez com que ele decidisse abandonar a igreja. “Depois que ele se foi, todos os meus filhos se desviaram do caminho de Deus. Convivi com a violência minha vida toda. Em São Paulo, passava por cima de cadáver para ir trabalhar. Mas nunca achei que isso chegaria à minha família.” A história do serralheiro causa comoção, mas não é preciso muito esforço para ouvir relatos parecidos no Entorno do Distrito Federal.

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