Fotos: Luiz Fernando Teixeira / Bahia Notícias
Ex-líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e atual militante da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) - movimento social que ajudou a fundar -, José Rainha alerta para a possibilidade de um conflito social caso o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) se concretize. “Se passar [o impeachment], o Brasil caminha para um conservadorismo de direita. Se passar, as ruas vão ser tomadas. O conflito está colocado, a revolta vai acontecer”, indicou, em visita feita ao Bahia Notícias nesta quinta-feira (14), junto com o deputado estadual Marcelino Galo (PT). Ainda de acordo com Rainha, as manifestações desta sexta (15), em favor da democracia, alertam para “a volta da direita e o respeito à Constituição”. “Estamos alertando para a volta da direita, o respeito da Constituição. É esse processo que está em curso. Se o povo do PT errou, que pague. Agora por qual motivo pune um e não pune outro? O direito não é igual? O Lula é conduzido coercitivamente, que crime ele cometeu? E o Temer, e o Cunha, e o Renan Calheiros? O que está se colocando é a defesa dos direitos democráticos”, afirmou. Apesar da defesa do mandato da presidente Dilma, o líder da FNL reconhece que, na gestão da petista, a reforma agrária – uma das principais bandeiras do movimento – foi deixada de lado. A culpa, segundo ele, não foi da presidente, mas sim da conjuntura.
Rainha e Marcelino Galo
“Avançamos no governo Lula e retrocedemos no governo Dilma por conta da correlação de forças. Temo que fazer também uma autocrítica. Os movimentos sociais estão esperando demais. Temos que intensificar as lutas. O problema está na oligarquia muito forte. O problema da terra no Brasil tem mais de 500 anos. Não podemos discutir ele aqui em 2016. O Brasil é um país com a maior concentração de terra no mundo. Se foi o último a abolir a escravidão, vai ser o último a fazer a reforma agrária”, previu. José Rainha veio à Bahia para participar da sessão que rememorou o Massacre de Eldorado dos Carajás, que irá completar 20 anos no próximo domingo (17). À época, dezenove sem-terra foram mortos pela Polícia Militar do Estado do Pará. O confronto ocorreu quando 1.500 sem-terra que estavam acampados na região decidiram fazer uma marcha em protesto contra a demora da desapropriação de terras, principalmente as da Fazenda Macaxeira. A Polícia Militar foi encarregada de tirá-los do local, porque estariam obstruindo a rodovia BR-155, que liga a capital do estado Belém ao sul do estado. “Discutimos, na sessão, as consequências do massacre de Eldorado e fizemos uma análise do que acontece hoje. As coincidências e diferenças. Aos trabalhadores não interessa um golpe. Não podemos retroceder. Temos que lutar contra o retrocesso da reforma agrária, destravar a pauta”, afirmou o deputado estadual Marcelino Galo.
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