sábado, 29 de julho de 2017

Maior prêmio do ano: Mega Sena sorteia R$ 105 milhões neste sábado

Maior prêmio do ano: Mega Sena sorteia R$ 105 milhões neste sábado (Foto: Betto Jr/CORREIO)
Entrar na fila da loteria é conhecer um pouco do Brasil. Enquanto aguardam ser chamados, as pessoas veem suas dificuldades e sonham em poder solucioná-las. As suas, a de parentes, as de amigos. Elas oram, fazem mandingas, apelam a superstições e silenciosamente pedem a Deus (qualquer deus, mesmo aqueles em que não acreditam) os seis números que vão abrir as portas da esperança e levá-las a outra realidade. Dizem que sonhar não custa nada, mas o bilhete individual da Mega Sena, para seis números, custa R$ 3,50.
Neste sábado (28), a loteria vai pagar R$ 105 milhões a quem acertar as seis dezenas sorteadas. É o maior prêmio do ano. Aplicado na poupança – um investimento conservador e de baixa rentabilidade, embora seguro – ele pode render até R$ 580 mil por mês, ou o o equivalente a mais de R$ 19 mil por dia. O valor também é suficiente para comprar 210 apartamentos de R$ 500 mil ou 700 carros de luxo (R$ 150 mil cada). A chance de ganhar, com um bilhete de seis números, é de uma em 50 milhões.
Paulo Santos Silva, 65 anos, é aposentado e joga na Mega toda semana. Um hábito que adquiriu com a mãe, já falecida. “O sonho dela era ganhar uma casa de Silvio Santos. Comprava tudo dele, Baú da Felicidade, Tele Sena... Se ela tivesse de volta tudo que deu a ele estaria rica”, contou. “Quem sabe eu não ganhe agora?”, completou. E para quê tanto dinheiro? “Na verdade eu não preciso de tanto (R$ 105 milhões). A metade já tá bom (sorri)... Eu ia ajudar meus filhos, tem um, 40 anos, que ainda mora comigo. Outros moram de aluguel”, disse.
Paulo tem quatro rebentos. Todos nascidos em Salvador, cidade para onde se mudou aos 13 anos. “Trabalhava na roça e nas fazendas dos outros, com meu pai. Ele ganhava uns dez mirreis por dia e eu cinco. Era muito difícil”, lembrou. “Aqui fiz de tudo. Fui ajudante de pedreiro, trabalhei na construção civil. Também passei uns tempos trabalhando em Ilhéus e Barreiras, as empresas me levaram para lá”, seguiu.
Paulo se aposentou como trabalhador rural e recebe um salário mínimo por mês. Um de seus filhos é vendedor em loja de eletrodoméstico, outro é pizzaiolo. Uma das suas meninas fez faculdade e se formou em Serviço Social, “para trabalhar em hospital, essas coisas”, mas  está desempregada, “desde que se formou, há três anos”. 
Enquanto fala sobre a família e o sonho de dar moradia a todos os filhos, o sorriso de Paulo começa a dar lugar a um semblante de preocupação. Depois de um rápido silêncio, ele falou: “Se eu ganhar este prêmio, ninguém mais vai falar comigo. Essas coisas mudam a gente. E depois, temos de nos preocupar com a violência. Você já viu quantas pessoas ganharam e foram assassinadas?”. Depois de respirar fundo, voltou a sorrir, falando: “Eu compraria uma roça para mim, e voltaria para o interior, deixando meus filhos todos bem”.

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