O eleitorado mineiro pode ser privado de um dos mais emocionantes embates da temporada eleitoral de 2018. Considerando-se a expressão dos adversários, a briga talvez atraísse a atenção de todo país. Contudo, subiram no telhado as candidaturas de Dilma Rousseff e Aécio Neves ao Senado por Minas Gerais. PT e PSDB cogitam a sério a hipótese de excluir a dupla de suas respectivas chapas majoritárias. Já não há certeza nem mesmo quanto à possibilidade de os dois concorrerem à Câmara.
Se prevalecer a conveniência dos partidos, Dilma e Aécio não terão a chance de reeditar, por assim dizer, a briga de pátio de escola que travaram na sucessão de 2014. Numa disputa para o Senado, poderiam até participar de debates. Se a exclusão for confirmada, a plateia perderá a oportunidade de assistir na propaganda eleitoral a empáfia de peroba de Aécio e o ego inarticulado de Dilma. O eleitor também perderá a chance de fazer justiça com os próprios dedos.
No caso de Aécio, o maior interessado no expurgo, suprema ironia, é seu afilhado político Antonio Anastasia. Posto em sossego no Senado, com mandato de senador válido até 2022, Anastasia foi empurrado a contragosto pelo PSDB para uma candidatura ao governo de Minas. Pesquisas encomendadas pelo tucanato revelaram que a presença de Aécio no palanque seria radioativa. Nem mesmo uma manta de chumbo protegeria Anastasia das emissões dos Raios JBS.
Quanto a Dilma, o risco de ser riscada da chapa decorre da necessidade de atrair aliados para a coligação de Fernando Pimentel, o petista que tenta reeleger-se governador mineiro. Pimentel reivindica o apoio de legendas como MDB, PR, PV e PRB. Entram na negociação as duas vagas de candidatos ao Senado disponíveis na chapa. Ironicamente, Dilma pode ser banida da disputa por um ex-companheiro de armas. Ela conheceu Pimentel na trincheira contra a ditadura.
A eventual exclusão de Aécio das urnas de 2018 será o triunfo da imoralidade sobre a encenação. A pose impoluta que rendeu ao grão-duque do tucanato uma derrota com sabor de vitória em 2014 foi dissolvida no grampo que exibe o diálogo vadio em que o ex-bom moço achacou Joesley Batista em R$ 2 milhões. De líder da oposição, Aécio foi reduzido à condição de e$torvo partidário.
A retirada de Dilma do baralho seria a redução da fábula da supergerente à sua inexpressividade essencial. Antes de passar vexame em Minas, a ex-presidente havia sido refugada pelo PT gaúcho. Sucede com Dilma o oposto do que se passa com Lula. Inelegível e preso, o criador continua sendo apresentado como candidato ao Planalto. Deposta numa sessão em que o Senado preservou-lhe os direitos políticos, Dilma pode ficar sem a candidatura ao Senado mesmo sendo perfeitamente elegível.
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