Estados Unidos, França e Inglaterra lançaram nesta sexta-feira, 13, ataques contra instalações do regime de Bashar Assad na Síria, em retaliação ao ataque químico contra civis registrado há oito dias nas imediações de Damasco. A ofensiva traz o risco de confronto direto entre os americanos e forças da Rússia e do Irã que apoiam o regime de Bashar Assad na guerra civil que já deixou pelo menos 400 mil pessoas mortas desde o seu início, há sete anos.
Em pronunciamento à nação na noite de sexta-feira, 13, Trump afirmou que os bombardeios estavam em andamento naquele momento. Segundo ele, os EUA e seus aliados estão preparados para uma resposta “contínua” até que o regime da Síria interrompa o uso de armas químicas.
O presidente americano disse ainda que os “ataques precisos” eram “resultado direto” da incapacidade da Rússia de impedir que Assad continuasse a usar armas químicas contra a população de seu país. Em 2013, durante o governo Barack Obama, os EUA recuaram da intenção de retaliar o ditador depois de Moscou assumir o compromisso de retirar do país todos os tipos de armas químicas. Naquela época, um ataque com gás deixou cerca de 1.400 pessoas em Ghouta, o mesmo subúrbio de Damasco em que pelo menos 49 sírios padeceram há pouco mais de uma semana.
O bombardeio ocorreu ao fim de uma semana em que Trump enviou sinais contraditórios em relação à possível ofensiva militar. No domingo, um dia depois do ataque com armas químicas, o presidente americano disse que os responsáveis pagariam um “alto preço”. Em seu primeiro ataque explícito ao líder russo, Trump escreveu no Twitter: “Presidente Putin, Rússia e Irã são responsável por apoiar o animal Assad”.
Na noite de sexta, 13, Trump voltou a se dirigir aos governos dos dois países. “Para o Irã e a Rússia, eu pergunto: que tipo de nação quer ser associada com o assassinato em massa de homens, mulheres e crianças inocentes?” Em nota, a Casa Branca acusou Moscou de maneira direta pelos ataques. “Em razão de sua inabilidade –ou recusa- de conter os crimes de Assad, a Rússia deve assumir a responsabilidade por seu comportamento.”
Segundo a Associated Press, Damasco foi atingida por fortes explosões depois do pronunciamento de Trump. Segundo informações e fontes militares à CNN, navios estacionados no Mediterrâneo e jatos foram usados nos ataques à Síria. A TV estatal do país disse que as forças de Assad estavam respondendo à agressão dos americanos, britânicos e franceses. Logo depois do pronunciamento de Trump, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que o “arsenal químico clandestino” da Síria estava sob ataque.
“Essas não são ações de um homem. Em vez disso, elas são crimes cometidos por um monstro”, declarou Trump, referindo-se a Assad. A explosão de armas químicas atingiu civis, incluindo mulheres e crianças, que apareceram em vídeos mortos ou com dificuldade de respirar.
Poucos dias antes do ataque, Trump havia anunciado sua intenção de retirar os cerca de 2.000 soldados americanos que lutam contra o Estado Islâmico na Síria. A ofensiva de Assad o forçou a mudar sua posição e a grande questão agora é se os EUA se limitarão a uma retaliação pontual ou se ampliarão seu engajamento na Síria. Há um ano, Trump ordenou bombardeios contra uma base das forças de Assad em retaliação a outro ataque químico ocorrido nas imediações de Damasco. A ofensiva foi uma ação isolada, que não foi seguida de uma estratégia ampla dos EUA para a Síria. Logo depois, Assad retomou os ataques com armas químicas contra a população do país.
A embaixadora americana na Organização das Nações Unidas (ONU), Nikku Haley, disse na sexta, 13, que pelo menos 50 ataques com armas químicas foram ordenados por Assad nos últimos sete anos. ONGs que atuam no país sustentam que ocorreram cerca de 200 casos.
A ofensiva dos EUA e seus aliados trazem o risco de escalada do conflito na Síria, em razão do risco de choques entre forças americanas e russas ou iranianas. Moscou e Teerã são os principais aliados externos de Assad e o sustentam com apoio militar dentro da Síria. Os russos prometeram derrubar mísseis disparados pelos EUA, o que colocaria o confronto em terreno desconhecido.