Após enfrentar dois anos de epidemias de arboviroses, como zika e dengue, registrando milhares de pessoas infectadas por ano, a Bahia teve queda expressiva no número de notificações. De janeiro a novembro deste ano, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) identificou 2,5 mil casos suspeitos de zika, o que representa uma redução de 95% em comparação a 2016. A queda no número de dengue foi de 85% e de chinkungunya, 79%.
A redução é superior à nacional, que foi divulgada pelo Ministério da Saúde: 92% para zika, 84% para dengue e 32% para chikungunya. Os dados são positivos, mas, de acordo com o novo Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), 1,1 mil municípios brasileiros ainda estão em estado de alerta.
Além disso, outras 357 cidades apresentam situação de risco de surto. As regiões Centro-Oeste e Norte são as com maiores taxas de incidência. Entre os estados que sofrem ameaça de epidemia, destacam-se Mato Grosso e Goiás.
Por isso, mesmo com os dados positivos registrados pelo Brasil, o ministro da saúde, Ricardo Barros, destaca que o trabalho de prevenção está sendo feito, mas que há a “preocupação de que a população relaxe nos cuidados e combate ao foco”.
Em solo baiano, pelo menos no que diz respeito ao zika vírus, uma possível epidemia já foi descartada pela Universidade Federal da Bahia, após estudo realizado pelo Laboratório de Pesquisa em Infectologia (LAPI).
“Devido à taxa altíssima de infecção no período de um ano, podemos afirmar que a possibilidade de um novo surto é muito pequena. Muitas pessoas já adquiriram imunidade”, garante o professor de infectologia da Faculdade de Medicina, Carlos Brites.
Dengue
A Sesab identificou, até o mês passado, 9,2 mil casos prováveis de dengue, com coeficiente de incidência de 61 casos para 100 mil habitantes. Durante o mesmo período do ano passado, foram registradas 64,9 mil notificações da doença. Na comparação entre os dois anos, a redução foi de 85%.
Do total de municípios baianos, 277 (66%) notificaram casos suspeitos de dengue este ano, destacando-se dez cidades com maiores coeficientes de incidência, sendo que 45% dos casos (1.203) estão concentrados na região extremo Sul. O maior número de pessoas infectadas foi do sexo feminino. A faixa etária mais atingida foi de 20 a 39 anos.
Após investigar os casos suspeitos, até dia 7 de novembro do mês passado, 3.188 foram classificados como dengue, 4.506 casos foram descartados e 6.095 permanecem em investigação. Quatro pessoas foram diagnosticadas com sinais de alarme de dengue, uma pessoa com dengue grave e três mortes sob suspeita da doença.
Chikungunya
No que diz respeito à febre chinkungunya, em 2017, foram registrados 10,4 mil casos, uma redução de 79% na comparação com o ano passado, quando foram identificadas 50,5 mil notificações. Se comparar a 2015, quando houve o maior número de registro dos últimos três anos, a redução foi de 82% (53,8 mil)
Sobre os municípios, 196 (47%) tiveram notificações de casos suspeitos, nos quais também se destacaram dez cidades concentradas na região estremo Sul. Do total de casos, 60% são mulheres. A maior taxa registrada esse ano também atingiu pessoas de 20 a 39 anos.
Pela técnica sorológica de detecção de anticorpos para a febre, foram identificados 1.880 resultados reagentes (52%) em um total de 3.605 amostras processadas, além de um resultado positivo. De 2014 a 2017, foi comprovada laboratorialmente circulação viral de chinkungunya em 161 (38%) dos municípios da Bahia. Foram confirmados dois óbitos nas cidades de Buerarema e Itiúba.